O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, procurou obter apoio para a Ucrânia durante sua primeira viagem pela América do Sul, embora surgissem diferenças com seus anfitriões, com o presidente argentino Alberto Fernández declarando que a região não estava planejando enviar armas.

Em sua viagem de três dias, Scholz procurou enfatizar a unidade, lembrando que os três países que está visitando – Argentina, Chile e Brasil – condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia na Assembleia-Geral das Nações Unidas, no ano passado.

As consequências da guerra e as sanções ocidentais contra a Rússia, como o aumento dos preços dos alimentos e da energia, no entanto, atingiram a região de forma particularmente dura, levantando questões sobre a abordagem do Ocidente.

Fernández disse em uma conferência de imprensa conjunta com Scholz, em Buenos Aires no sábado (28), que a Argentina, assim como a Alemanha, queria ajudar a restaurar a paz o mais rápido possível.

Mas indagado se a Argentina enviaria armas para a Ucrânia para o país se defender das tropas russas, como a Alemanha e seus aliados ocidentais fizeram, o presidente argentino respondeu um categórico não.

“A Argentina e a América Latina não planejam enviar armas para a Ucrânia ou qualquer outra zona de conflito”, disse ele.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, não se referiu à guerra em suas declarações iniciais, em uma conferência de imprensa com Scholz em Santiago do Chile, no domingo (29), focando, em vez disso, na cooperação econômica, particularmente no setor de commodities.

Em ambos os países, Scholz visitou memoriais às vítimas de suas ditaduras militares o que, segundo ele, ressaltou a necessidade de lutar pela democracia e pela liberdade.

“Neste memorial às muitas vítimas da ditadura aqui não posso deixar de pensar nos jovens que estão sendo mortos no Irã porque estão lutando pela liberdade e por uma vida melhor”, disse Scholz, em Buenos Aires.

Autoridades do governo alemão dizem que é compreensível que países latino-americanos, tão distantes da Europa e com preocupações tão diferentes, tenham opiniões divergentes sobre a guerra, mas destacaram a importância de continuar a transmitir a perspectiva de Berlim.

Scholz irá nesta segunda-feira (30) ao Brasil para se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O europeu quer restabelecer as relações com o maior país da América do Sul, após a saída do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.

A resiliência da democracia provavelmente estará no topo da agenda das conversações, após os ataques às sedes dos Três Poderes brasileiros em 8 de janeiro por apoiadores radicais de Bolsonaro.

Ainda assim, novas divergências devem ocorrer. No ano passado, Lula disse que a Rússia nunca deveria ter invadido a Ucrânia, mas acrescentou que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, foi tão culpado pela guerra quanto o líder russo Vladimir Putin.

*Reportagem adicional de Brendan O’Boyle

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