Lendo o artigo do Editorial de hoje do Fonte Segura, intitulado “O Bolsonarismo nas Polícias”, alguns pontos chamam a atenção, os quais decidi compartilhar.

O subtítulo já diz muito: “nem todo policial que acredita em Bolsonaro é golpista, mas a parcela radicalizada que reproduz discursos antidemocráticos é preocupante”.

De acordo com o artigo

“a Polícia precisa prevenir a radicalização política de seus integrantes.”

Os dados do artigo:

Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado em agosto do ano passado em parceria com a Decode, mostra que o alinhamento ao discurso do bolsonarismo antidemocrático e radicalizado que defende fechamento do Congresso e/ou prisão de ministros do STF representa ao menos 12% de policiais militares, 7% de policiais civis e 2% de policiais federais que possuem contas nas redes sociais e interagem publicamente em grupos e páginas do Facebook. Os números captados nas redes sociais pelo FBSP e pela Decode em 2020 são parecidos com os alcançados pelo instituto de pesquisa de opinião Atlas, que aplicou em abril de 2021 um survey especificamente junto à classe policial. Nessa pesquisa, 21% dos policiais brasileiros (27% dos policiais militares) declararam que são a favor da instalação de uma ditadura militar no Brasil.

Análise dos dados realizadas no artigo:

Duas pesquisas, com metodologias diferentes e feitas por instituições diferentes, estimaram que um exército entre 120 e 140 mil policiais aderiram ao discurso bolsonarista mais radical que defende medidas antidemocráticas e fechamento das instituições.

A opinião inserida no artigo:

Bolsonaro se fortalece no amálgama de condições políticas, ideológicas, jurídicas e institucionais que dão forma ao modelo de ordem pública violento e desigual ‘naturalizado’ pela maioria dos policiais brasileiros. E, ao fazer isso, ele estimula que policiais não aceitem questionamentos ao seu projeto político e reprimam manifestações e movimentos sociais de oposição. A oposição passa a ser sinônimo de antipatriotismo, de ‘mal’ e de desordem.

A população está submetida à incerteza. E isso não significa rotular todos os policiais apoiadores de Bolsonaro de golpistas ou de antidemocráticos, pois esse número seria ainda maior, porém incorreto e injusto.

Nem todo policial que acredita em Bolsonaro é golpista, mas a parcela radicalizada e que reproduz discursos antidemocráticos é preocupante.

Assim, a adesão ao bolsonarismo não seria um problema para a ordem social democrática se parte do universo policial e das instituições de segurança não flertasse com o cerceamento de liberdades e repressão de pensamentos divergentes.

É mais do que urgente que as polícias cuidem de prevenir a radicalização política de seus integrantes. Se não forem criados mecanismos de contenção e controle, quem garante que esse exército de pessoas armadas e treinadas aceitarão o resultado das urnas em 2022 caso Bolsonaro não venha a ser reeleito? Os riscos não podem ser menosprezados pela realpolitk.

Vale a pena a reflexão e o debate.