
Milhares de pessoas e um mesmo propósito: por elas. Na manhã deste domingo (8/12), na Esplanada dos Ministérios, a 1ª Caminhada pelo Fim da Violência contra as Mulheres chamou a atenção para os feminicídios e para a cultura de agressão à população feminina. Cerca de 200 integrantes do Grupo Mulheres do Brasil se mobilizaram, unindo-se a aproximadamente 8 mil participantes de uma corrida de rua, no centro de Brasília, para pedir um basta nos casos de agressão.
O laranja — cor oficial do combate às brutalidades cometidas contra a população feminina — destacou, no horizonte da capital do país, os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Durante o percurso, as camisetas estampavam palavras de apoio ao término das atrocidades praticadas pelos agressores.
No fim da madrugada, às 5h, participantes já se concentravam, na Esplanada. A largada foi dada, às 7h, simultaneamente em diversas lugares do Brasil e também em países como Alemanha e Portugal. Ao todo, mais de 20 cidades participaram da mobilização.
Para Janete Vaz, líder do Grupo Mulheres do Brasil, a sociedade civil precisa se mobilizar em torno do assunto. “O que queremos é trazer visibilidade, fazer com que as mulheres tenham coragem de relatar seus sofrimentos, levar o conhecimento de que é importante todas as pessoas estarem envolvidas. Por isso falamos ‘mete a colher sim, em briga de marido e mulher’. Com isso, estamos incentivando as mulheres que estão invisíveis, sofrendo violência psicológica, moral e sexual, para que possam ter a ousadia de buscar apoio”, disse.
No Distrito Federal, 32 mulheres foram vítimas de feminicídio, neste ano. O número se refere aos casos que chegaram a ser registrados e é 14% maior do que em 2018, quando ocorreram 28 crimes do tipo. Para Andrea Costa, coordenadora do Comitê de Combate à Violência contra a Mulher do Grupo Mulheres do Brasil, iniciativas como caminhada deste domingo são fundamentais na conscientização sobre as agressões sofridas e no combate ao crime. “Os índices de feminicídios são muito altos. Então, é uma forma de dar visibilidade à violência e trazer a sociedade para combatê-la. São todos por todas”, afirma.
Fundadora de uma ONG que realiza acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, Natanry Osorio, 81 anos, acordou cedo, neste domingo (8/12), para “trabalhar em defesa da mulher”. Ela destacou o fato da violência não ser restrita a uma determinada classe social. “Nós mulheres, independente da classe social, éramos muito tímidas até que houvesse o que acontece agora, essa conscientização e o empoderamento do fato e da honra de ser mulher. As agressões aconteciam em qualquer nível social, não é só entre os humildes”, disse. “Eu vi pessoas de pessoas de grande intelecto e poder aquisitivo agredir, machucar, bater e violentar”, completou.