A atuação das forças de segurança pública dentro de unidades escolares do Distrito Federal voltou ao centro do debate na Câmara Legislativa nesta terça-feira (25). O modelo das escolas cívico-militares dividiu opiniões entre parlamentares da base governista e da oposição.

O deputado Roosevelt (PL) saiu em defesa do formato adotado em instituições como o Centro de Ensino Fundamental 4 (CEF 4) do Guará, onde militares do Corpo de Bombeiros atuam no cotidiano escolar. O parlamentar contestou uma matéria jornalística que apontava exigências rigorosas quanto ao uso de tênis pelos alunos, mesmo em situações de vulnerabilidade social. Segundo Roosevelt, os militares demonstram empatia com a realidade dos estudantes e, inclusive, teriam contribuído com a compra de calçados para quem não tem condições financeiras. Ele reforçou que a cobrança seria dirigida apenas àqueles que optam por não usar o uniforme completo por escolha própria, e não por falta de recursos.

Durante seu pronunciamento, Roosevelt leu uma carta escrita por uma estudante do 9º ano da escola, agradecendo a presença dos bombeiros e relatando melhorias no ambiente escolar, como a redução de brigas e do uso de drogas. O parlamentar informou que destinou R$ 5 milhões, por meio de emendas parlamentares, para fortalecer as unidades cívico-militares do DF. Atualmente, segundo ele, há 15 escolas sob coordenação do Corpo de Bombeiros e oito com atuação da Polícia Militar.

O líder do governo na Casa, Hermeto (MDB), reforçou o apoio ao modelo. Segundo o distrital, o Governo do Distrito Federal deve ampliar o programa, incluindo mais 15 escolas com o auxílio de policiais militares da reserva. Os profissionais receberiam um adicional de 30% no salário, pagos pela Secretaria de Educação. Para Hermeto, a presença dos militares contribui para um ambiente escolar mais seguro e disciplinado.

Já o deputado Gabriel Magno (PT), presidente da Comissão de Educação da CLDF, criticou a expansão do modelo cívico-militar. Segundo ele, não há estudos científicos ou dados do Ministério da Educação que comprovem a eficácia do investimento nesse formato. Magno citou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para argumentar que as escolas de melhor desempenho no DF são as tradicionais escolas militares Dom Pedro II e Colégio Tiradentes — que seguem regras próprias de financiamento e seleção de alunos — e não as cívico-militares.

Ele também apontou que os melhores resultados entre as escolas regulares são registrados por instituições de tempo integral, como o CEMI do Gama, o CEMI do Cruzeiro e o Centro Educacional do Lago. “Essas, sim, têm estudos que comprovam o impacto positivo do investimento”, afirmou.

Em resposta, Roosevelt reconheceu que as cívico-militares ainda não lideram o ranking do Ideb, mas destacou que várias delas estão entre as dez melhores avaliadas da rede pública.

O tema já havia sido pauta de uma comissão geral realizada em 2024, por iniciativa do próprio Gabriel Magno, evidenciando que o modelo continua sendo um dos assuntos mais controversos da política educacional do DF.