Ao falarmos em segurança cidadã, consequentemente em aproximação entre polícia e comunidade, não podemos nos desassociar do conceito de MOBILIZAÇÃO SOCIAL. Precisamos compreender o significado de comunidade e sua complexidade. Para isso, nós militares em geral, precisamos nos ressocializar no novo cenário, ou seja, devemos nos inserir no convívio com os cidadãos.
Ao analisar as dinâmicas das corporações policiais e suas conquistas é perceptível uma maior “evolução” das policiais civis, sejam as estaduais ou as federais. Quais seriam as causas desse distanciamento entre as corporações militares e civis, tanto em pensamento quanto em conquistas?
Sem delongas, afirmo que é a possibilidade do exercício pleno da cidadania. O que isso significa?
Significa que a participação em sindicatos e na vida partidária (filiação em partidos) os tornam mais cidadãos do que nós, policiais militares, sendo assim, suas conquistas são maiores e mais consistentes (duradouras).
Até certo tempo, imaginei, como o senso comum o faz, que o simples fato de serem sindicalizados os tornavam mais fortes. Lêdo engano. Somente após iniciar a vivência partidária, por meio da participação nas discussões do partido (mesmo não sendo filiado), percebi que o tom dos debates e da dinâmica do legislativo e do executivo não é dado pelos sindicatos ou deputados, mas sim pelos partidos. Sendo assim, nós militares (policiais militares) e os temas que nos interessam (segurança pública) estão fora das discussões partidárias e consequentemente das pautas do legislativo. Por isso, temos dificuldades em aprovar nossos projetos.
A suposta vantagem de podermos escolher o “melhor” partido, três meses antes das eleições, faz com que perpetuemos o pensamento de transformar nossa corporação em uma simples “moeda de troca”, útil apenas aos interesses mesquinhos de uma minoria. Somos mendigos políticos!
Precisamos nos conscientizar da necessidade de uma vivência partidária. Precisamos de uma ideologia para viver, como já dizia o poeta. É preciso participarmos efetivamente da construção dessa história, ou seja, precisamos reconstruir nossa polícia. E o início da caminhada é a vivência partidária. Precisamos avançar. Precisamos nos ressoalizar, como presos que ficaram fora do convívio em sociedade por longos anos de “escravidão e cegueira”!
Posso citar como exemplo a “evolução” da polícia civil nos últimos anos, com várias indicações do PPS e do PSDB, de cargos importantes do governo, para integrantes da polícia civil. Quase todos os seus últimos diretores foram indicados por esses partidos. O PPS, por exemplo, elegeu dois deputados distritais oriudos da polícia civil, totalizando quatro eleitos em uma única legislatura. As lideranças surgem nos partidos!
Nossas associações tornaram-se propriedades particulares por não vivermos a dinâmica dos partidos. Sindicatos e associações na vida “civil” são “divididos” entre forças partidárias e não entre “latifundiários” que se julgam donos dos destinos de seus associados. Por isso, não conseguimos verbas parlamentares para nossas associações e não formamos líderes em nosso meio!
Viva a ressocialização!
Viva o policial cidadão, consciente de sua missão!
Viva a mobilização social!
A construção de uma nova polícia e de uma nova mentalidade é diária!
“O homem que não pensa por si próprio é um escravo, e um traidor para consigo mesmo e para com os seus semelhantes “.