Sexta-feira recebi uma ligação que me fez refletir sobre a fugacidade da vida. O normal da vida é nascer, crescer, reproduzir e morrer. Sabemos que a morte é o último estágio da vida, mas nunca queremos aceitar tal fato. Ontem perdemos um companheiro de turma, que faleceu vítima de uma parada cardíaca aos 35 anos de idade, está sendo velado nesse momento, tinha todo um futuro pela frente. Há duas semanas perdi outro companheiro, vítima de um AVC. Tenho aprendido que é melhor ir a um velório do que a uma festa, pois no velório percebemos onde encerra nossa vida e como os pequenos momentos devem ser valorizados. A tristeza faz melhor nosso coração.
Sabendo da importância de se valorizar os pequenos momentos, resolvi homenagear os vivos, pois depois da morte perde-se a eficácia. Existem pessoas que passam em nossa vida que são “UMA em UM MILHÃO”, a soldado CARINA é uma dessas pessoas. Uma pessoa única, especial… Nunca esquecerei sua voz marcante na rede rádio. Uma voz “fininha” que nos trazia muita alegria. Sorri várias vezes vendo-a entrando no ar dizendo:
“Ciade é o águia 23…”
A soldado Carina entrou em minha equipe porque a maioria dos companheiros não queria trabalhar com uma policial feminina com a complexidade física dela. Nós a acolhemos e a ensinamos. Fizemos várias abordagens no Varjão. Eu fazia questão de dizer a ela que minha vida estava nas mãos dela, em cada abordagem. Era uma forma de motivá-la. Sorrimos, choramos, aprendemos juntos. Se tornou mais que uma companheira de serviço. Tornou-se amiga, muitas vezes confidente e conselheira. Participei de sua vida. Fui ao seu casamento. Visitamos um lote que ela queria comprar no Riacho Fundo. Nos alegramos ao saber que o marido dela passou para o último concurso da PMDF.
A vida nos reserva muitas surpresas, sexta-feira recebi uma ligação que confirmava que ela é uma pessoa especial, “UMA em UM MILHÃO”, está na UTI do hospital Santa Helena com uma doença grave que só acontece em uma pessoa entre um milhão. Tenho orado por você amiga e torço por sua recuperação. Esse foi o texto mais difícil que já escrevi, nunca chorei tanto ao escrever um texto, como choro ao escrever esse. Fica bem logo, quero te ouvir por muito tempo na rede rádio…