O senhor pretende fazer mudanças radicais?
Qualquer mudança radical que se faça, como já foi feito, a polícia para e alguém paga por isso. Por mais que a gente tente manter o ritmo, é difícil. A ideia é fazer ajustes. Não são muitos. Temos equipes boas, mas vamos fazer mudanças gradativamente. Vai começar pela cúpula.
Como o senhor vai formar a sua equipe?
Tenho um grupo que está mais ou menos delineado. Estou buscando pessoas virgens, que conciliem a técnica com o comprometimento com a polícia, que não tenham passado por nenhum tipo de processo, ainda que às vezes tenha sido absolvida em um determinado momento, a não ser um processo muito bobo. Na administração pública, é preciso trabalhar com moralidade, impessoalidade, celeridade. Nesses princípios, o que mais procuro zelar é pela impessoalidade. Não decido nada por amizade ou inimizade.
Como vai ser a atuação da Corregedoria da Polícia Civil na sua gestão?
A Corregedoria tem que ser muito atuante, em todos os sentidos. No controle da qualidade dos nossos procedimentos e na preservação da integridade moral da instituição. Quem for desonesto terá que ir para a rua. Não tem perdão. Só que penso da seguinte forma: é preciso seguir o caminho da Justiça. Em alguns casos, há dúvida e pode ser cometida injustiça. Temos casos de policiais que foram acusados, indiciados, denunciados e processados e quando chegou ao fim provou-se que não foi isso. A preocupação não é responder na Corregedoria. Todos nós somos maiores, sabemos dos nossos limites e sabemos quando a gente ultrapassa e tem que responder. Mas temos que ser rigorosos, com Justiça.
O senhor foi escolhido em primeiro lugar na lista da categoria enviada ao governador. Na sua avaliação, por que essa aprovação dos colegas?
Acredito que pelo respeito, pela parceria. Nos meus 30 anos de polícia, procurei ser justo nas minhas atitudes, sempre procurei atender todo mundo. Não prometo o que sei que não vou poder cumprir, se me comprometo a tentar fazer determinada coisa, sou transparente para dizer que falhei ou não consegui. Mas não deixo de dar resposta. Hoje, a nossa instituição está um pouco fragilizada, muito por falta de diálogo. O servidor quer um amparo, quer ouvir um muito obrigada, uma orientação, não quer ficar ao deus-dará. Penso que somos uma família.
Como fazer a integração com a Polícia Militar?
Estamos com planejamento de fazer operação integrada com comandantes da PM, fazer banner conjunto entre as polícias. É importante saber que nosso trabalho é um, e o da PM é outro. Nem nós podemos entrar na atividade deles, nem eles na nossa. Temos que ter interação e integração, não misturação. A Polícia Civil não pode sair fazendo ronda porque prejudica o investigativo.
O senhor é ligado ao senador Cristovam Buarque (PDT)?
Fui delegado-chefe quando o senador Cristovam Buarque era governador. Depois da sucessão dele, houve um mal entendido e muitas maldades. Falaram que fiz investigações para beneficiar o governador e prejudicar outros políticos. Nunca frequentei a casa dele, nem ele a minha. Foi uma relação de confiança. Existe essa relação, como tenho hoje com o senador Reguffe e com o PDT. Mas Cristovam não interfere.
Quando o deputado Laerte Bessa assumiu a direção da polícia, no governo de Roriz, o senhor tinha relação de confiança
com Cristovam Buarque, governador anterior. O senhor foi perseguido por isso?
Quando houve a mudança, eu era chefe da delegacia e fui tirado da chefia. Isso porque uma pessoa quis criar uma ingerência em um inquérito e eu não quis. Falei que não me interessava. Mas foi tranquilo porque sou bem resolvido com relação a isso. O Dr. Laerte (Bessa) ficou constrangido, mas entendi que fazia parte. Voltei então para o plantão. O que me incomodou foi que tentaram desqualificar meu trabalho, aí não aceitei.
Na gestão de Laerte Bessa, na Polícia Civil, havia uma relação próxima com o Roriz. Como o senhor vê isso?
Qualquer ingerência política do governo na polícia é prejudicial para o governo e para a instituição, e principalmente para a população. Claro que a gente deve uma lealdade ao governador, e ela tem que começar pelo empenho de fazer o melhor. Mas essa relação entre diretor e governador tem que ser em um nível republicano, saudável. O governador foi muito taxativo para dizer que temos liberdade para fazer o que precisamos fazer dentro da polícia.
O senhor é amigo do Rodrigo Rollemberg há muitos anos?
Meu pai conheceu o pai do Rodrigo há muitos anos. Meu pai tem uma propriedade perto da dele e a gente se encontrava, mas era casual. Quando ele precisava de algo na fazenda ele pedia, e fazíamos o mesmo. A família do Rodrigo é muito simples, de hábitos simples. A fazenda deles é simples, assim como a nossa. Mas sempre procurei deixar claro que conheço o Rodrigo, mas não sou amigo dele. Tanto que escrevi uma nota, quando meu nome foi escolhido na lista dos agentes e delegados, dizendo que era apenas uma sugestão nossa, que a decisão é do governador. Eu não era uma decisão dele desde o primeiro momento. Ele amadureceu, construiu e, lógico que estando na lista, facilitou.
Como o senhor acredita que será a gestão do secretário de Segurança, que é sociólogo?
Trabalhamos juntos no plano Ação pela Vida. Gosto da forma como ele se posiciona. Imagino que vamos ter que fazer alguns ajustes da parte operacional com a filosófica, mas acredito que será uma boa relação. Ele que será o ordenador da política de segurança e vamos executar.