Há oito anos estudando os “Postos Comunitários de Segurança Pública no Distrito Federal” e o “avanço” do “policiamento comunitário”, que tem por objetivo aproximar a “polícia da comunidade”, me dá legitimidade necessária para pontuar algumas observações sobre o tema.

Ontem ocorreu um encontro para tratar sobre os postos, em frente a Torre de TV, no Distrito Federal. No site da Secretaria de Segurança uma imagem me chamou a atenção na matéria sobre o encontro: a foto de um posto policial incendiado na Cidade Estrutural. Dia sim, dia não, passo em frente a este posto. A impressão que me dá é de ‘”abandono” total da cidade. Sabe aquela sensação de “terra sem lei’? Pois é a que tenho. E você?

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Aquela imagem pela manhã, entro as sete horas, demonstra todos os dias para mim e quem a vê um “símbolo da incompetência estatal”. Se eu fosse gestor, eu teria vergonha de postar uma foto desta em um site oficial. Já é um problema o posto ter sido queimado, mas os “destroços” continuar do mesmo jeito há meses só potencializa a sensação de abandono e de paralisia dos órgãos do governo.

No site afirma que: Vinte e cinco postos comunitários da Polícia Militar atualmente desativados serão reabertos com serviços à população até o fim do ano que vem, começará pelo posto do Sol Nascente, em Ceilândia, com previsão de início até outubro deste ano.

O que causou surpresa foi a Secretária de Segurança afirmar, em entrevista ao DFTV, jornal local,  que serão gastos mais 250 mil reais em cada posto. Mais uma vez o dinheiro do Contribuinte sendo jogado no lixo. Cada posto em 2007 custou aproximadamente entre 100 mil e 150 mil reais. O que é reforçado no site da própria SSP:

“Em vários encontros que tivemos com moradores, ficou claro que eles querem a reativação dos postos. A comunidade sente a necessidade de dar outra destinação para esses locais e quer participar do processo”, explicou a secretária. Segundo ela, a maior demanda é pela oferta de atividades culturais e educativas. O investimento em cada posto será de R$ 250 mil, que incluirá revitalização do espaço e segurança patrimonial

É interessante a afirmação de que “eles querem a reativação dos postos”. Concordo, muita gente deseja a reativação dos postos, mas a dúvida que me corrói é: sim, querem a reativação dos postos, mas não seriam os postos com policiais dentro?

Além disso, outras três regiões servirão de piloto para a iniciativa ainda em 2016 — Estrutural, Itapoã e Santa Maria. “Transformaremos esses lugares em centros da paz, em locais públicos de cidadania focados na juventude”, resumiu a secretária da Segurança Pública, Márcia de Alencar Araújo, durante o encontro no mezanino da Torre de TV. As atividades oferecidas nos postos serão definidas por meio de edital, a ser elaborado pela secretaria. A gestão dos locais ficará a cargo da Subsecretaria de Segurança Cidadã e de representantes de movimentos sociais. Os espaços ainda terão serviços públicos específicos de cada região.

De acordo com a PM, os locais estavam fechados porque a corporação precisou priorizar o policiamento móvel, que garante segurança em uma área maior. Os postos próximos a escolas e comércios, no entanto, continuam funcionando normalmente.

Em breve irei destacar mais seis pontos que fizeram o Projeto de Postos Comunitários de Segurança falhar. Também falarei sobre pontos que fizeram o “Pacto pela Vida” falhar em outros estados, dentre eles, a relação com a “sociedade civil”, falta de interação com “as praças” da PM, “cooptação de lideranças” em cargos na Secretaria de Segurança e órgãos do governo e falta de recursos.