O brasileiro Ítalo Ferreira conquistou o primeiro ouro olímpico do surfe em Tóquio e, se a reação em sua cidade-natal servir de referência, não será o último de uma das nações mais destacadas no esporte, onde muitos se sentem em casa no meio das ondas.
Os surfistas mirins de Baía Formosa, uma pequena cidade litorânea do Rio Grande do Norte, se inspiram há tempos no novo campeão olímpico, e sua medalha só aumenta a motivação em progredir no esporte.
“Foi muito interessante notar o quanto essa medalha do Ítalo trouxe um novo fôlego para o surfe e uma nova inspiração para essas gerações que estão vindo”, disse Daniel Grubba, um agente de surfistas da One Sports Agency.
Grubba estava em Baía Formosa na semana passada em busca de jovens talentos para contratar, e um deles era Maria Clara Dornelas, uma moradora local de 12 anos.
“Eu me inspirei nele (Ítalo) muitas vezes, quando estou competindo em um campeonato lembro dele e faço mais ou menos o que ele fez”, disse Maria Clara depois de vencer o Maresia Pro, uma competição nacional na qual enfrentou rivais com o dobro de sua idade. “Alegria, porque estar levando uma medalha para sua cidade deve ser incrível, e imagine medalha de ouro!”, acrescentou.
Apesar do maior destaque alcançado pelo ouro olímpico, o sucesso do surfe não é novo no Brasil.
Os três principais surfistas do ranking masculino da World Surf League são todos brasileiros e uma das cinco melhores mulheres também.
Outra surfista, a carioca Maya Gabeira, quebrou no ano passado o recorde mundial de maior onda surfada: uma parede de água de 22,4 metros de altura no litoral português.
Mas a inclusão e o sucesso na Olimpíada dão ao esporte um impulso enorme.
“É legal poder inspirar as outras pessoas, não só as crianças, mas outras pessoas que têm um outro sonho, que não vivem diretamente do esporte, mas que têm grandes sonhos, que tentam conquistar algo”, disse Ítalo nesta semana pouco depois de voltar do Japão. “Ter a minha história como inspiração e motivação, acho que isso é muito gratificante”, afirmou.