Aumentam as travessias de migrantes no Canal da Mancha, rumo à ilha britânica. No último sábado (21), mais de 800 pessoas cruzaram o estreito, entre a costa francesa e o Reino Unido. Os serviços de fronteira falam de um número recorde de migrantes num só dia. Entre novas políticas para desencorajar a chegada de mais pessoas, estão os planos para receber refugiados afegãos.
As 828 pessoas faziam a travessia em 30 pequenos barcos quando as autoridades da Grã-Bretanha os interceptaram. Os serviços franceses retiveram mais 193 migrantes que viajavam em dez barcos, também rumo ao Reino Unido. No dia 12 de agosto, mais 592 pessoas viram sua viagem interrompida.
Até agora, foram contabilizados 12.500 migrantes que fizeram a travessia, em 2021.
As autoridades atribuem o fato às redes de tráfico humano. “Essas travessias perigosas de países seguros da União Europeia são completamente desnecessárias, e estamos determinados a combater as gangs criminosas que estão por trás delas”, afirmou Dan O’Mahoney, comandante responsável pela ameaça clandestina no Canal da Mancha, citado pela BBC.
Migrantes perto de Dover
Parcerias estão sendo desenvolvidas entre autoridades marítimas dos dois países para combater as “travessias perigosas”.
Os governos de Paris e Londres acertaram colocar mais patrulhas nas praias francesas, assim como financiar ferramentas tecnológicas para melhor vigilância e partilha de informação a fim de detectar as redes criminosas.
Várias medidas são discutidas para desencorajar a chegada de mais migrantes. O Projeto de Lei de Nacionalidade e Fronteiras, caso seja aprovado, penaliza quem entrar no Reino Unido clandestinamente. Esses migrantes podem enfrentar pena de até quatro anos de prisão.
Organizações não governamentais de apoio aos migrantes pedem ao governo para criar rotas seguras e novas regras para quem pede asilo.
Refugiados afegãos
Entre as políticas para conter as travessias de migrantes, está o Programa de Realojamento para permitir que 5 mil afegãos sejam recebidos no Reino Unido. A longo prazo, serão 20 mil.
Depois do processo de Realojamento de Pessoas Vulneráveis da Síria, em que a Grã-Bretanha concordou em receber pelo menos 20 mil pessoas, o novo contexto internacional em terras afegãs traz para a ilha novos refugiados que estejam em perigo devido ao regime talibã.
A prioridade são mulheres e crianças, assim como minorias e pessoas perseguidas por professarem diferentes religiões.
Os intérpretes e famílias e outros ex-funcionários que trabalharam para o Reino Unido no Afeganistão já estão sendo realojados em solo britânico. Até o final do ano, 5 mil pessoas serão integradas ao programa.