Adiados ou cancelados ao longo de quase dois anos, devido à pandemia de covid-19, os campeonatos nacionais de diferentes modalidades paralímpicas começaram a ser retomados após a Paralimpíada de Tóquio (Japão). Os mais recentes a terminar foram os Brasileiros de parataekwondo, vôlei sentado feminino e basquete em cadeira de rodas masculino. O primeiro ocorreu no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. O segundo no ginásio José Maria Paschoalick, em Ourinhos (SP). Já o último foi disputado na Goiânia Arena, na capital goiana. As competições deram o pontapé inicial dos respectivos esportes rumo aos Jogos de 2024, em Paris (França).
Das três modalidades, o basquete é aquela que teve no Brasileiro a maior concentração de expectativa, já que as seleções masculina e feminina não conseguiram classificação para Tóquio. A competição em Goiânia reuniu oito equipes e teve como campeã pela sexta vez a ADD (Associação Desportiva para Deficientes) Magic Hands. Na final, o time paulistano bateu o CAD (Clube Amigos dos Deficientes), de São José do Rio Preto (SP), por 90 a 48, reeditando a decisão das três edições anteriores. Agora são dois títulos para cada lado no confronto direto.
Segundo o técnico do Magic Hands, Marcos Vitor Araújo, vencer o torneio em meio às dificuldades da pandemia e à manutenção do evento na data prevista tornaram a conquista especial. “Faltando mais ou menos 45 dias, houve uma reunião para os clubes decidirem se manteriam a competição na data ou se poderíamos adiá-la para janeiro. A gente se posicionou contra o torneio [ser agora], pois não tinha uma unanimidade das equipes, nem todas tinham conseguido retornar aos treinos [normalmente]. Com o cenário da pandemia. Em São Paulo, tinha cidade em que podia treinar e outras que não. Estávamos sem treinar até então, mas fomos voto vencido”, recordou Marcos Vitor, à Agência Brasil.
“Dentro disso, tivemos que correr com o planejamento, passagem aérea, atletas que estavam espalhados. Quando saímos da reunião [com os demais participantes], o clube Esperia reabriu para treinos e a gente conseguiu voltar às atividades. Dosamos bastante as sessões, os atletas se empenharam todos os dias. Eles abraçaram a causa. Foi um fator primordial, de verdade [para o título]. Chegamos [ao torneio] com um nível bem alto e conseguimos o resultado positivo”, completou o técnico.
Além do título, o Magic Hands teve o melhor jogador da competição (Amauri Viana), foi a única equipe com dois membros na seleção do campeonato (Amauri e Juninho Clemente) e teve três atletas convocados para defender o Brasil no Sul-Americano de Buenos Aires (Argentina), entre 6 e 14 de dezembro (Amauri, Juninho e Leandro Miranda). Adversário dos paulistanos na decisão, o CAD Rio Preto também será representado em dose tripla na primeira competição do país no ciclo de Paris (Irio Nunes, Berg Nascimento e Eduardo Alexandre).
“[O Brasileiro] foi uma competição desafiadora, em um momento atípico, nivelada por cima, uma ou outra equipe tendo mais dificuldade física. Depois de muitos anos, não tivemos só times paulistas entre os três primeiros colocados, já que a Adap [Associação dos Deficientes de Aparecida de Goiânia] Aparecidense, de Goiás, ficou em terceiro. Novos jogadores surgiram no ano que antecede o Mundial sub-23 [entre 27 de maio e 4 de junho de 2022, na cidade japonesa de Chiba], como o Juninho Clemente e o Wallace, do Magic Hands, ou o JJ, da Adap. O verdadeiro desafio é classificar o Brasil para Paris”, afirmou à Agência Brasil o presidente da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas (CBBC), Mário Belo.
Entre os dias 16 e 21 deste mês, será a vez o Brasileiro de basquete em cadeira de rodas feminino no Sesc de Guarapari (ES). A competição será transmitida pelo canal da CBBC no YouTube.
Outras modalidades
No Brasileiro de vôlei sentado feminino, o título ficou com o Sesi-SP, que superou, na decisão, as goianas da Adap por 3 sets a 0, com parciais de 25/14, 25/10 e 25/12. Nove das 12 atletas convocadas para a seleção brasileira que conquistou o bronze em Tóquio integram os elencos dos dois finalistas. A Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego), de Goiânia, completou o pódio em Ourinhos.
Já no Brasileiro de parataekwondo, que reuniu 52 atletas de 12 estados e do Distrito Federal, o campeão geral foi o Paraná, tanto no Poomsae (apresentação de movimentos de luta contra rivais “imaginários”), como no Kiorugui (combate propriamente dito). O torneio no CT Paralímpico não teve a participação dos três principais nomes do país – Silvana Fernandes, Debora Menezes e Nathan Torquato, medalhistas de bronze, prata e ouro, respectivamente, na capital japonesa. Eles se pouparam para o Mundial da modalidade, entre 11 e 12 de dezembro, em Istambul (Turquia). Outros oito lutadores também foram convocados para competir em território turco. Na edição passada, em 2019, o Brasil teve seis representantes no evento internacional. Desta vez, serão 11.
Aos fãs do #Goalball: ele está de volta! 🙌 O Brasileiro da modalidade começa no próximo dia 9, no #CTParalímpico, com 12 equipes masculinas e 8 femininas em busca do título nacional. Acho que isso é motivo suficiente para um #TBT @loteriascaixa, não acha, @cbdvoficial!? 😅 pic.twitter.com/8TyQwBEvTy
— Comitê Paralímpico Brasileiro (@cpboficial) November 4, 2021
Nesta quarta-feira (10), mais um torneio nacional começa no CT da capital paulista: o Campeonato Brasileiro de goalball. Vencedores das últimas quatro edições (dois títulos cada), Sesi (atual campeão) e Santos (vice) são os principais favoritos entre os homens, tendo Leomon e Parazinho, respectivamente, como destaques. Ambos foram protagonistas na conquista do inédito ouro paralímpico do país em Tóquio. No feminino, o Sesi defende o título obtido em 2019 com duas integrantes da seleção feminina da modalidade: Ana Gabrielly e Moniza. Recém-promovida da Série B, a Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe), de Brasília, tem outras duas remanescentes do quarto lugar na capital japonesa: Jéssica Vitorino e Kátia Aparecida.
As partidas serão exibidas pelo canal da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) no YouTube. Na primeira fase, a rodada tem início a partir das 9h (horário de Brasília). São 12 equipes na disputa masculina e oito na feminina, divididas por grupos. O mata-mata acontece no sábado (13), às 8h30. No domingo (14), a final das mulheres está prevista para 10h40 e a dos homens para 13h.