Para cumprir a promessa de abertura de 40 escolas de gestão compartilhada com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros até o fim de 2019, o governador Ibaneis Rocha (MDB) buscou ajuda do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Nesta sexta-feira (8/3), o emedebista pediu R$ 7,2 milhões para a instalação do projeto em 36 instituições.
O chefe do Executivo brasiliense também solicitou apoio na mudança da legislação dos militares da reserva, tanto da Polícia Militar quanto do Corpo de Bombeiros. Hoje, nas escolas com gestão compartilhada, estão atuando membros da ativa das duas tropas, mas o governo não quer retirar mais efetivo do trabalho de proteção da população nas ruas.
No entanto, pelas normas atuais, oficiais da reserva não podem trabalhar diretamente nos colégios. Por isso, Ibaneis pretende enviar para o Congresso Nacional uma proposta de alteração da lei.
Segundo o governador, a conversa foi positiva, mas o martelo ainda não foi batido e novas reuniões deverão ocorrer em breve. “Nós viemos trazer ao ministro nossa ideia de criar um modelo educacional de qualidade. Vivemos em um Brasil com uma situação de um caos educacional, no qual a grande maioria dos estados não consegue implementar um modelo que dê uma resposta à sociedade, nem no ensino básico, nem médio e muito menos no profissionalizante”, comentou o governador após a reunião com o ministro.
Atualmente, cada escola com gestão compartilhada tem 20 nomes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Para manter o modelo em 40 escolas, são necessários 800 profissionais. Nesse contexto, a linha de ação inicial seria a mudança da legislação dos membros da reserva a partir de uma medida provisória. Por isso, a ajuda do ministério, na avaliação de Ibaneis, é fundamental.
Desde a volta às aulas, em 11 de fevereiro, quatro escolas já funcionam com o novo modelo, que teve boa aceitação entre pais de alunos. No Centro Educacional 1 (CED 1), na Estrutural, a capacidade máxima, de 1,4 mil estudantes, foi atingida. Houve aumento na procura por vagas.
Nas outras unidades onde o novo modelo foi implantado, o número de alunos matriculados cresceu de forma acentuada. No Recanto das Emas, no CED 308, pais e alunos chegaram a dormir na fila em busca de vagas remanescentes. O maior crescimento, contudo, foi em Ceilândia, no CED 7. A quantidade de estudantes aumentou de 1,6 mil para 2 mil. Outra escola onde houve muita procura foi o CED 3 de Sobradinho.
Ao menos outros 10 colégios manifestaram interesse em participar do projeto. Diretores, professores e pais de alunos procuraram as regionais de ensino para saber como ocorrerá o processo de expansão e cogitar a probabilidade de fazerem parte da iniciativa.
O modelo em escolas públicas é inédito na capital. Os PMs que atuam nos centros de ensino são responsáveis pelas atividades burocráticas e de segurança, como controle de entrada e saída, horários e filas, além de darem aulas de musicalização, ética e cidadania no contraturno.
Orientadores, coordenadores e professores permanecerão encarregados do conteúdo pedagógico das classes, como ocorre nas que já têm o modelo implementado.
Disciplina
Responsável pelo Comando de Policiamento Escolar da PMDF, o coronel Alexandre Ferro afirma que a visão positiva do Programa Escola Gestão Compartilhada se mostrou preponderante durante as audiências públicas realizadas antes da implantação nas quatro escolas-piloto.
“Pais de alunos, estudantes e parte dos professores que eram alvo da criminalidade pediam, há muito tempo, esforço para manter a disciplina”, lembra.
Para o coronel, com o novo modelo, os alunos passam a ser mais assíduos, e os professores, mais respeitados. Isso está alinhado à expansão da iniciativa. “Nós temos esse e outros 56 projetos sociais em andamento”, ressaltou.
Escolas Prioritárias
No encontro com o ministro, Ibaneis também falou sobre o novo projeto que será implementado em 175 centros de ensino do DF: o Escolas Prioritárias. Conforme antecipado pelo Metrópoles, unidades com problemas graves de estrutura, falta de pessoal e os mais baixos índices de aprendizagem farão parte da iniciativa, que vai alterar a metodologia nas instituições listadas pela Secretaria de Educação. Esses colégios passarão por medidas emergenciais e a equipe de orientadores educacionais será ampliada.
A Secretaria vai tentar reverter o quadro caótico de parte das 693 escolas públicas da capital. Auditoria do Tribunal de Contas do DF (TCDF) já apontava que 90% das instituições precisavam de reformas. Alguns casos são de reconstrução: “Já começamos as obras em algumas. Em uma unidade da Asa Sul, por exemplo, quase metade da escola está fechada. As obras lá estão em andamento”, afirmou o secretário de Educação do DF, Rafael Parente.
O processo ocorre em paralelo ao Programa de Gestão Compartilhada com a Polícia Militar. Os colégios que entrarem no Programa Escolas Prioritárias não poderão acumular participação com a outra iniciativa.
“Percebemos que a violência ocorre muito mais nos últimos anos do ensino fundamental do que no ensino médio. Das 175 escolas, não sabemos quantas vão participar de fato, mas, se alguma for escolhida para a gestão com a PM, não poderá acumular os projetos”, explicou Parente.
Informações do Portal Metrópoles.