Média diária de atendimentos foi de 62; no período, mais de 6 mil pacientes passaram pelas triagens e foram dirigidos para serviços da saúde
O Hub Cuidados em Crack e Outras Drogas do Governo de São Paulo completou quatro meses de funcionamento no dia 06 de agosto. Neste período, foram realizados 7.543 atendimentos. Deste total, 6.189 pacientes passaram pelas triagens para avaliação psicossocial e definição de demandas para serem encaminhados para serviços da saúde e assistência.
A avaliação dos pacientes triados nesse período revela que a maior parte não enfrenta somente transtornos aditivos e suas comorbidades, mas também vive em meio a um quadro de vulnerabilidade social importante, com 70% em situação de rua e 56% afirmando frequentar a cracolândia.
Grande parte dos pacientes que buscam o Hub são homens (88%) com idade média de 37 anos. O uso de crack continua sendo o principal motivo da busca por tratamento, porém o consumo de canabinóides sintéticos (K9, K2 ou Spice) foi indicado por 16% dos pacientes. A proporção de usuários da droga chegou a 19% em junho.
Durante esses quatro meses, foram realizados 3.189 encaminhamentos de pacientes para internação. Desse total, 1.888 foram encaminhados do Hub para a realização de tratamento em hospitais especializados e 1.301 foram encaminhados para Comunidades Terapêuticas.
O Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas possui duas frentes de tratamento. A primeira e principal é o pronto atendimento — a entrada de urgência e emergência — para pessoas que apresentam quadros agudos de dependência química, atendendo prioritariamente usuários da Cracolândia na região central da cidade. Essas pessoas passam por uma avaliação clínica e multidisciplinar e quando necessário são encaminhadas para um tratamento individualizado, de acordo com o perfil de cada usuário e seu grau de dependência química.
A segunda frente de tratamento é o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas que recebe pessoas já com quadros estabilizados de dependência química com o objetivo de ajudar processo de reinserção social e recuperação do quadro da dependência química.
Durante esses quatro meses, o CAPS do HUB prestou 8.299 atendimentos ambulatoriais, mantendo 575 pacientes fixos nessa modalidade de tratamento. Fernando, nome fictício, é um dos deles. Em junho, após quase 20 anos no vício em álcool, cocaína e crack, ele decidiu procurar por ajuda. Foi sozinho ao HUB e foi encaminhado para internação hospitalar. Ficou três semanas internado e agora está continuando o tratamento no Caps.
Ele conta que gosta de ficar no espaço para evitar uma recaída: “Quando eu vejo que eu estou no risco (de ter uma recaída) eu venho para cá e fico aqui. Eu fico aqui assistindo televisão, conversando com os amigos, até dar o horário de ir embora. Isso ajuda a ficar limpo”.
O diretor do HUB de Cuidados em Crack e Outras Drogas, Quirino Cordeiro, explica que os pacientes são atendidos por uma equipe multiprofissional. “Eles passam por atividades em grupo, atividades individuais com os seus profissionais sempre com vista ao tratamento mais apropriado a dependência química e com vistas a sua recuperação efetiva”.
Ele ressalta a importância de o paciente continuar o acompanhamento: “Para que ele fique longe das drogas, mas também possa se recuperar de maneira efetiva. Para que ele possa voltar para sua família, para que ele possa voltar para a sociedade, ter um emprego e para que ele possa ter uma vida efetivamente autônoma”, explica Quirino Cordeiro.