Os 12 filmes – quatro longas-metragens e oito curtas-metragens – que concorrerão ao 25º Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal foram conhecidos na manhã desta quarta-feira (29). O anúncio foi feito no Cine Brasília, onde as produções serão exibidas. Os títulos (confira abaixo), escolhidos entre 192 inscritos (149 curtas e 43 longas), comporão a programação da Mostra Brasília, espaço para os competidores do prêmio de cinema da CLDF dentro do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que começa no dia 9 de dezembro.
Durante a coletiva de imprensa, que também anunciou os filmes selecionados para a mostra principal do certame, o secretário de Cultura do DF, Cláudio Abrantes, reforçou o vínculo do Festival de Brasília com o Troféu Câmara Legislativa. Ex-deputado distrital, ele lembrou a importância da premiação para o cinema local e ratificou a relevância de mantê-la no âmbito da competição nacional, que, ao chegar à 56ª edição, é a mais longeva do país.
“O Troféu promove o audiovisual de Brasília para o Brasil”, declarou Claudinei Pirelli, coordenador do prêmio para o cinema brasiliense. Em nome da Câmara Legislativa, ele agradeceu o apoio da Secretaria de Cultura e à comissão de seleção responsável pela escolha dos filmes que disputarão a premiação da CLDF este ano, dado o recorde de inscrições. “O objetivo é fortalecer a produção do Distrito Federal e avançar ainda mais na relação com o Festival”, completou.
Sobre os filmes selecionados para concorrer ao Troféu Câmara Legislativa, a curadora do Festival de Brasília, Anna Karina de Carvalho, observou que o conjunto compõe “um retrato do cinema brasiliense na atualidade”. Entre os competidores há desde cineastas estreantes a nomes consagrados e premiados.
Ao todo o Troféu Câmara Legislativa distribuirá R$ 240 mil em diversas categorias: melhor filme de longa e curta-metragem, escolhidos pelo júri oficial e júri popular, além de prêmios técnicos destinados a diretor, atriz, ator, roteiro, fotografia, montagem, direção de arte, edição de som e trilha sonora. Nos próximos dias, serão divulgados os integrantes do júri oficial. O júri popular é composto pelo público que comparecer às sessões no Cine Brasília, com entrada franca.
Filmes Selecionados
Longas-metragens:
Ecos do Silêncio, ficção, 102 min
Direção: André Luiz Oliveira
Davi é um adolescente que mora em Brasília. Sofrendo de uma angústia existencial desde a primeira infância por não conseguir se comunicar com o seu irmão autista, ele empreende uma longa jornada fora de casa, longe dos pais e do país, em busca de uma resposta que lhe possa trazer alívio. Inicialmente, frequenta uma escola de Musicoterapia na Argentina, em seguida, uma escola de música tradicional na Índia. Nessa aventura, repleta de experiências autotransformadoras, Davi finalmente se depara com o enigma familiar que o libertará da sua angústia.
Não Existe Almoço Grátis, documentário, 74 min
Direção: Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel
Brasília, dezembro de 2022, véspera da posse presidencial. No Sol Nascente, considerada a maior favela do Brasil, Socorro, Jurailde e Bizza lideram uma das Cozinhas Solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que distribui almoço de graça, diariamente. Elas estão encarregadas de cozinhar para centenas de pessoas que chegarão à capital para assistir à posse de Lula no dia 1º de janeiro. Em meio a ameaças de golpe, o filme acompanha a saga das três e traz entrevistas sobre suas vidas e a organização coletiva, mostrando que o futuro se cozinha hoje e a muitas mãos.
O Sonho de Clarice, drama de animação, 83 min
Direção: Fernando Gutiérrez e Guto Bicalho
Primeiro longa-metragem de animação do Distrito Federal, conta a história de Clarice, uma menina extremamente criativa que passa pelo processo de superação da perda da mãe. O filme fala de relacionamentos e das pequenas alegrias da vida cotidiana e sobre o quão mágico estas podem ser. Uma obra que contrasta a linguagem do mundo real com uma viagem surrealista em um mundo fantástico como alegoria para a jornada de Clarice.
Rodas de Gigante, documentário, 100 min
Direção: Catarina Accioly
Um excêntrico diretor de teatro latino-americano desafia a velhice e as doenças da carne ao apresentar uma perspectiva singular de diálogo com o eterno por meio da arte e de suas relações. O improviso poético com Hugo Rodas, multiartista uruguaio que sedimentou trajetória ímpar no Brasil, exacerba a sua irreverência frente ao olhar da diretora. Tendo a intimidade como proposta, Catarina Accioly acompanha Hugo Rodas por quatro anos, até sua morte.
Curtas-metragens
A Chuva do Caju, documentário, 21 min, livre
Direção: Alan Schvarsberg
No coração de um vale escondido nas profundezas do Brasil central, Seu Alvino e Dona Neusa plantam e colhem o que a terra dá, como o cajuzinho do cerrado e o baru. Após mais de dois séculos, o tempo continua passando lento no quilombo Vão de Almas, apesar da seca cada vez mais severa.
A Menina Corina em: Quantos Mundos Cabem em um Mundo Só?, animação, 21 min, livre
Direção: Luciellen Castro
Corina ama sua casa, mas também sente uma enorme vontade de conhecer o grande mundo. Corina tudo vê, tudo percebe e passa a descobrir novos sentimentos a cada aventura. Acompanhando a personagem da infância à fase adulta, o curta de stop motion levanta temas como identidade, família, amizade e representatividade.
Estrela da Tarde, documentário, 23 min, 12 anos
Direção: Francisco Rio
Essa é uma autobiografia que não começa em mim. Talvez em quem pariu quem me pariu, e mais. Quem pariu las putas madres? Estrela que aparece ao céu, antes do sol ir embora. Mães do mundo. Fábula que não busca desvendar identidades, se permitindo melar a cara para inventar suas próprias ficções. É ladainha que percorre uma linha de Tempo embolada e firme, como quem borda uma brincadeira numa história, e vice-e-versa. Onde não dá mais para distinguir os fios dos dedos.
Glitter Carnavalesco: A História do Bloco das Montadas, documentário, 15 min, 16 anos
Direção: Marla Galdino
O curta narra a história do primeiro bloco de drag queens do Distrito Federal, o Montadas – o bloco da diversidade, idealizado e organizado pelo Coletivo Distrito Drag. A história mescla em sua narrativa os desafios na formação de uma troça carnavalesca que ocupa a cidade de Brasília no domingo de carnaval, espalhando purpurina, irreverência, afetos e celebrando a diversidade no quadradinho.
Instante, ficção, 15 min, 14 anos
Direção: Paola Veiga
Tem coisas nessa vida que a gente faz porque precisa.
Malu e a Máquina, ficção, 14 min, livre
Direção: Ana Luíza Meneses
Malu é uma garota de seis anos de idade que sempre acompanha a mãe ao salão de beleza – na verdade, para brincar com uma máquina velha de pegar bichinhos que fica nos fundos do lugar. A cada semana, ela cria planos mirabolantes para capturar um certo palhacinho de pelúcia, mas tudo muda após seu aniversário de sete anos.
Nada Se Perde, 12 min, ficção, livre
Direção: Renan Montenegro
O filme apresenta o Programa de Reaproveitamento Humano, uma solução inovadora que transforma as almas de cidadãos falecidos do DF em materiais úteis para construir uma cidade melhor, como asfalto, lixeiras, muros e tinta branca. Este relatório audiovisual mostra os resultados de sua implementação no bairro de Águas Claras.
Só Quem Tem Raiz, documentário, 12 min, 12 anos
Direção: Josianne Diniz
No Gama, cidade periférica do Distrito Federal, Caio, Andressa e Luís compartilham inseguranças, alegrias e sonhos, enquanto lutam para encontrar seu lugar, entre bares, trabalho, festas e a rotina do dia a dia com sua inegável solidão. O filme fala sobre afeto, como em ambientes periféricos, apesar de tudo, ainda é possível lutar pelos seus sonhos. O racismo, o machismo e a homofobia acabam sendo o motor que leva os personagens a construírem seus espaços e a reconhecerem uns nos outros o carinho e o apoio para mudarem seus mundos.
Fonte: Agência CLDF