No último fim de semana, dois policiais militares foram vítimas de suicídio, elevando para sete o número de casos registrados somente este ano na capital do país. Este cenário alarmante revela não apenas uma crise na saúde mental dentro da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), mas também a urgência de revisão e aprimoramento dos recursos disponíveis para apoiar os profissionais e suas famílias.

Apesar dos esforços para abordar a questão, o serviço de saúde da PMDF continua a enfrentar desafios significativos. A professora de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), Carla Pintas, destaca que o modelo atual está aquém das necessidades da tropa, incapaz de acompanhar tanto a crescente demanda quanto os avanços na medicina.

Segundo dados do Plano Interno de Orçamento (PIO) da PMDF para o Serviço de Saúde em 2024, apenas R$ 10 milhões foram alocados para o serviço médico interno da corporação. Enquanto isso, o grosso do orçamento, totalizando R$ 328 milhões, foi destinado à rede conveniada privada, levantando questionamentos sobre a eficácia e a adequação desse modelo de prestação de serviços de saúde.

A falta de acesso a tratamentos de saúde mental pelo plano da PMDF é outro ponto crítico. Familiares de policiais relatam espera de até quatro meses para consultas com psiquiatras, com novas consultas previstas apenas para agosto de 2024. Esta situação evidencia a necessidade urgente de revisão das políticas e procedimentos para garantir que os policiais e suas famílias recebam o suporte necessário no momento adequado.

Diante desse quadro, especialistas e membros da comunidade sugerem alternativas, como a implementação de um plano de saúde corporativo ou a escolha de uma operadora de plano de saúde, que podem oferecer maior flexibilidade e acesso a uma gama mais ampla de serviços médicos e de saúde mental.

Enquanto isso, instituições como o Centro de Valorização da Vida (CVV) e o Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu continuam a desempenhar um papel fundamental na prevenção do suicídio e no fornecimento de apoio emocional aos policiais e suas famílias. A conscientização sobre esses recursos e a importância de buscar ajuda em momentos difíceis é essencial para enfrentar os desafios da saúde mental na PMDF.

Em meio a essa crise crescente, é imperativo que as autoridades da PMDF e os responsáveis pela saúde pública reavaliem suas estratégias e comprometam-se a priorizar o bem-estar e a saúde mental dos policiais militares e suas famílias. Somente com ações concretas e colaborativas podemos esperar enfrentar efetivamente essa crise e garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável para aqueles que dedicam suas vidas à proteção da sociedade.

Arte/Metrópoles