Lesões físicas podem comprometer seriamente o funcionamento de órgãos e sistemas, impactando no bem-estar dos indivíduos. A fisioterapia, ou reabilitação, surge como uma solução eficaz, promovendo a recuperação das habilidades motoras e aliviando dor e desconforto. Isso permite que os pacientes tenham um dia a dia mais ativo, conquistando mais independência e autonomia nas suas atividades cotidianas.

Os programas de reabilitação são fundamentados em avaliações quantitativas e qualitativas, garantindo um acompanhamento adequado entre profissionais, pacientes e seus familiares. Segundo Agda Ultra, chefe do serviço de fisioterapia do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), o paciente deve ser o protagonista de sua reabilitação. “O fisioterapeuta oferece as ferramentas e técnicas necessárias para alinhar expectativas e fortalecer o vínculo terapêutico, colocando o usuário no centro do cuidado”, diz Agda.

No Hospital de Base, a reabilitação integra tecnologia, ciência e conscientização, capacitando os pacientes a compreenderem suas condições e adotarem hábitos saudáveis. Isso não apenas facilita a reintegração social, essencial para a saúde mental e emocional, mas também assegura que todos os pacientes, independentemente de suas condições financeiras, tenham acesso a cuidados essenciais. A reabilitação física, portanto, é um componente fundamental do atendimento em saúde pública, promovendo tanto a recuperação física quanto o bem-estar social e emocional.

O Serviço de Fisioterapia do Hospital de Base atendeu uma média de 1.884 pacientes por mês em 2024, totalizando 15.076 atendimentos até agosto. Os pacientes são encaminhados por médicos e devem estar sob acompanhamento de um especialista, garantindo tratamento adequado.

Em agosto, foram atendidos 1.265 pacientes de ortopedia, 483 de oncologia e 99 do serviço vascular. Essa diversidade ressalta a importância da reabilitação integral e o compromisso da equipe em apoiar cada paciente.

Um exemplo de recuperação com a ajuda da fisioterapia é de Sebastião de Jesus, que sempre foi uma pessoa saudável, sem nunca ter se machucado de forma séria. Sua história mudou quando, ao tentar subir em uma mureta em casa, pisou em falso e fraturou a fíbula, um osso importante para a estabilidade do tornozelo. “Tive que ficar 45 dias com o robofoot”, conta Sebastião.

Após esse período, seu médico solicitou uma ressonância magnética, que revelou a necessidade de colocar uma plaqueta com nove parafusos. Sebastião foi internado na sexta-feira em um hospital particular, passou pela cirurgia no sábado e voltou para casa no domingo. Porém, menos de 48 horas depois, começou a sentir uma inexplicável falta de ar.

Ainda em um hospital particular, os médicos suspeitaram de tromboembolismo. Após exames, todas as hipóteses foram descartadas. Sem melhora respiratória com o uso de oxigênio, optaram por entubá-lo. “Depois de 24 dias sedado na UTI, fiz uma traqueostomia. Foi quando voltei à vida”, lembra Sebastião.

Após esse susto, Sebastião retornou para casa, mas ainda não conseguia dormir bem, sentindo como se estivesse se afogando ao deitar. Ao ser atendido por uma pneumologista, com a ajuda de uma neurologista, descobriu que ele tinha uma paralisia total do diafragma. Ao conversar com a equipe de fisioterapia do Hospital de Base, a médica que o atendeu em consultório particular soube da possibilidade de um estímulo para recuperar a atividade do diafragma e decidiu encaminhar Sebastião.

O Serviço de Fisioterapia do Hospital de Base atendeu uma média de 1.884 pacientes por mês em 2024, totalizando 15.076 atendimentos até agosto. Em agosto, foram atendidos 1.265 pacientes de ortopedia, 483 de oncologia e 99 do serviço vascular

A chefe do Serviço de Fisioterapia do HBDF, Agda Ultra, explicou que, ao avaliá-lo, a equipe identificou fraqueza na musculatura diafragmática, apesar da comunicação nervosa estar intacta. Essa descoberta foi fundamental para desenvolver um plano de tratamento.

O tratamento incluiu neuroestimulação e treinamento muscular inspiratório com aparelhos específicos. O fisioterapeuta Paulo Eugênio realizou uma avaliação da espessura do diafragma, constatando redução em sua movimentação. “Iniciamos a estimulação elétrica neuromuscular para ressincronizar o drive ventilatório devido à dissociação neuroventilatória. Com isso, reativamos a musculatura do diafragma”, diz Paulo.

A equipe também usou técnicas para restaurar a força e melhorar a capacidade respiratória de Sebastião. A fisioterapeuta Reyslane Magalhães destacou que os exercícios incluíram atividades aeróbicas em esteira ou bicicleta ergométrica, além de fortalecimento com caneleiras, pesos e faixas elásticas. Após algumas semanas, Sebastião voltou a dormir normalmente, uma de suas principais queixas. “Era um alívio poder deitar e dormir tranquilo de novo. Antes, eu tinha que dormir encostado na parede”, conta.

Com a melhora, ele retomou atividades cotidianas, como amarrar o próprio cadarço e voltar ao trabalho, destacando a importância da reabilitação. Essa recuperação também impactou positivamente sua família. “Minha esposa sofreu tanto quanto eu. Ver a angústia dela me machucava. Agora, ver ela sorrindo de novo é uma das minhas maiores alegrias”, completa Sebastião.

*Com informações do IgesDF

 

Fonte: Agência Brasília