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O setor de hotelaria deverá ser amplamente prejudicado pela pandemia de coronavírus, após a doença causar cancelamento de diversos eventos no país, suspensão de viagens e obrigar as pessoas a trabalharem de maneira remota.

“O impacto vai ser brutal”, afirmou o presidente-executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), Orlando de Souza. “Estamos prevendo que o volume de reservas cairá de 70% a 90% pelo menos até o final de abril.”

“A maior parte das reservas futuras está sendo cancelada, tem hotéis grandes de São Paulo que vão estar com 5% a 7% de ocupação já na próxima semana”, afirmou Souza.

O Estado de São Paulo, que em 2019 respondeu por 40,5% do faturamento nacional com turismo, viu a taxa de ocupação de hotéis cair para níveis muito abaixo do normal para a época, após cancelamentos ou mudança de data de eventos como o festival de música Lollapalooza e o Salão do Automóvel.

“A média de ocupação desta semana está em cerca de 20%, quando deveria estar em um nível entre 60% e 65% em outra situação”, informou o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP), Fernando Guinato.

Para ele, o adiamento de muitos desses eventos para o segundo semestre pode se tornar outra preocupação, já que haveria uma demanda excessiva por datas em um período que já costuma ser lotado.

Souza também afirmou que acredita em uma tendência de retomada para o segundo semestre, mas “o momento agora é focar nessa questão atual, há um enorme buraco nesse momento e corremos o risco de vermos muitas falências antes do segundo semestre”.

“O que precisamos no momento é ter fôlego no caixa, não vamos ter receitas, mas ainda teremos contas para pagar”, disse Souza.

O secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinicius Lummertz, afirmou em nota que sua secretaria preparou e apresentou ao governo do Estado um documento com 26 propostas, explicando que são medidas de cunho econômico e que parte delas também depende do governo federal.

Além de criação de linhas de crédito focadas em capital de giro, as propostas incluem diferimento e parcelamento de impostos, redução momentânea de alíquotas, mediação junto com Procon para “a criação de uma política mais solidária de negociação” de cancelamentos de reservas, e desoneração.

“A gravidade da situação exige providências na mesma proporção. O turismo é uma atividade de mão de obra intensiva e, neste momento, temos que trabalhar para a preservação da atividade econômica e, principalmente, dos empregos no setor”, disse Lummertz.

Grupos do setor também estão em contato com o governo federal e o Ministério do Turismo propondo um conjunto de medidas para mitigar os impactos da crise. Pedidos similares estão sendo feitos por outros segmentos da cadeia de turismo, incluindo companhias aéreas.

“O teor principal das medidas é receber ajuda para desafogar o caixa dessas empresas por pelo menos três ou quatro meses”, afirmou Souza, acrescentando que também serão necessárias ações de nível tributário e a desoneração da folha de pagamento, já que são partes “pesadas” das despesas do setor.

O Ministério do Turismo informou em nota que o ministro Marcelo Álvaro Antônio têm se reunido com empresários do setor para avaliar tais medidas e que teve reuniões com o Ministério da Economia nesta quarta-feira para tratar do assunto.