Por causa das medidas de distanciamento social impostas pela pandemia do novo coronavírus, o Dia de São Jorge, comemorado hoje (23), não pôde ter a tradicional festa que reúne milhares de fiéis no Rio de Janeiro. A programação foi alterada pela primeira vez, em 75 anos, para evitar aglomerações na Igreja Matriz São Jorge, em Quintino, na zona norte do Rio.
Todos os anos, o bairro de Quintino assiste à peregrinação de uma multidão no feriado estadual de 23 de abril. Vestidos de vermelho e branco, os devotos de São Jorge chegam cedo, ainda na alvorada, e ficam ali ao longo de todo o dia, espalhados pelas ruas onde também são instaladas dezenas de barraquinhas de comes e bebes.
Este ano, a chamada Alvorada de São Jorge foi mantida no mesmo horário, às 5h, mas não foi acompanhada pela multidão. Os fieis tiveram de acompanhar o festejo pelas redes sociais. A programação pela internet também inclui a celebração de missas, mas sem os fiéis. Foram realizadas missas às 5h, às 10h e às 15h. A última celebração do dia está marcada para as 18h.
“Em cada missa, vamos dar uma bênção especial para a saúde. Portanto, faça da sua casa a Igreja de São Jorge. Não venha aqui à igreja, porque ela estará fechada. Os portões estarão fechados. Vocês não poderão entrar na igreja. Vamos obedecer às nossas autoridades, que pediram para ficarmos em nossas casas. Então, vocês fiquem em casa. Vocês devotos não vão chegar à casa de São Jorge, à igreja dele, mas São Jorge vai à vossa casa, e quer que a vossa casa seja a igreja dele”, afirmou o padre Dirceu Rigo, em vídeo publicado no perfil da paróquia no Facebook.
Ele informou ainda que a festa de São Jorge deverá ser realizada no dia 23 de agosto ou no mês de setembro.
São Jorge não é o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, posto que é preenchido por São Sebastião. Mas foi devido ao seu apelo popular que, em 2001, a Câmara dos Vereadores declarou o dia 23 de abril feriado municipal. Em 2008, foi a vez de a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovar projeto de lei convertendo a data em feriado estadual.
Já em maio do ano passado, o governador Wilson Witzel sancionou lei declarando São Jorge – juntamente com São Sebastião – padroeiro do estado do Rio de Janeiro.
Imagem trazida de Portugal
A Paróquia de São Jorge, no Rio, foi construída em um terreno onde, anos antes, algumas senhoras se reuniam na varanda de uma das casas da rua para rezar o terço. Um senhor português, que passava sempre por lá, trouxe de Portugal uma imagem de São Jorge e entregou ao grupo. Ali começou a devoção ao santo, que se espalhou pelo bairro e culminou na construção de uma capela muito simples para o padroeiro.
No dia 1º de janeiro de 1945, o então arcebispo do Rio de Janeiro, dom Jaime de Barros Câmara, criou 25 novas paróquias, entre elas, a de São Jorge.
Centro do Rio
A Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge, na Praça da República, no centro do Rio, que também concentra multidão durante o 23 de abril, não vai receber os devotos este ano.
A imagem de São Jorge chegou ao local em 1855, após a igreja do santo, próxima dali, ruir por falta de condições das instalações.
A irmandade de São Gonçalo Garcia, então, resolveu abrigar a imagem. Assim foi criada a Venerável Confraria dos Gloriosos Mártires São Gonçalo Garcia e São Jorge. Inicialmente, a imagem de São Jorge ficava onde existe hoje o Calvário, depois foi construída uma capela para o santo.