Rotam é designada para enfrentar o crime que amedronta o brasiliense. Número de sequestro relâmpago já começa a diminuir

   AMANDDA SOUZA asouza@jornaldacomunidade.com.br  Redação Jornal da Comunidade

 Brasília deixou de ser segura. No último feriado da Semana Santa, sofreu 13 sequestros relâmpagos e 11 assassinatos. Dias antes, a cidade já havia sofrido quatro sequestros em uma tarde. Diante disso, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, anunciou mudanças na segurança pública.

No dia 10 de abril, foi anunciado o novo comandante da PM, Suamy Santana. Uma semana depois, a Secretaria de Segurança Pública (SSP), lançou um plano de combate chamado Ação Integrada de Segurança Pública e Social, que prevê a criação de áreas de atuação para facilitar a ação do estado por meio das regiões administrativas. A PM anunciou, em 3 de maio, um novo plano de combate à criminalidade no DF. A ideia é aumentar o policiamento à serviço da população.
As mudanças já apresentaram resultados. A média de três sequestros relâmpagos por dia no DF caiu para um a cada dois dias. Muito se deve ao trabalho do tenente-coronel Leonardo Sant´anna, da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas). Há dez dias no cargo, ele assumiu a proposta de redução total do sequestro relâmpago e promoção de uma espécie de vedação do DF a qualquer entorpecente. A ação está dentro da nova política de trabalho e mecanismo da PM: dar mais efetividade e tranquilidade à população.
O trabalho da Rotam será apoiar a PM no processo de abordagem a veículos. O coronel Sant´anna explica que só haverá o combate a este crime (sequestro relâmpago), quando existir a percepção da presença da polícia nas ruas. A parceria começou no final de semana passada, quando a ‘tropa de elite’ da PM abordou e cercou todo o Guará. A população deve se acostumar com isso a partir de agora.
“Vamos promover uma abordagem a cada oito minutos, em cada 10 horas de serviço. Faremos 70 abordagens diariamente. Todas as áreas serão ocupadas pela Rotam, de forma maciça, com um mínimo de 70 policiais”, garante.
Esses policiais fazem parte de uma tropa especializada. “O nosso policial tem um nível de resistência maior ao estresse, com uma capacidade maior de uso de arma de fogo, em situações de médio e alto potencial efetivo. A preocupação no DF é não usar a força letal da arma indiscriminada. Existe uma cultura de excelência na preparação de arma de fogo. Tenho o bandido e o dono do veículo no carro, por exemplo, não posso atirar”, explica.
O carro é o alvo O sequestro relâmpago no DF apresentou uma característica diferenciada porque os novos veículos se modificaram. Esses roubos só podem ocorrer devido ao novo contexto tecnológico em que se encontram e que obriga o motorista que esteja dentro do carro, para que o ladrão atue. De acordo com o coronel, o alvo dos bandidos é o carro e não a pessoa. Com isso, os ladrões precisam esperar as pessoas entrarem nos carros para ‘roubá-los’. E o DF ainda possui o maior número de renda per capita do país, além de uma alta quantidade de veículos.
“Brasília passou por uma falta de percepção de que precisava mudar. Nos últimos cinco anos, saímos da casa de um milhão de veículos e estava tudo bem. Era como se ter 70 mil veículos a mais por mês fosse normal e não houvesse consequência. Existe um preço a ser pago e as consequências não são só no fluxo de veículos, como também no tráfico de drogas e na segurança”, argumenta.
Para a nova missão, a Rotam terá uma mudança nos equipamentos, com armas novas, tecnologia e mais treinamento. O coronel afirma que há um conceito moderno de preservação da vida e aos direitos humanos. O número de efetivos não aumentará, senão que ocorrerá uma colocação maior do esforço em uma modalidade específica de policiamento:  o patrulhamento tático.
“O cidadão do DF deve deixar de ser alvo de crime. Somos como uma tropa de ‘caçadores’ em busca de erradicar este crime. O efeito será imediato. Antes, a Rotam tinha uma atribuição mais limitada. Agora, vamos agir diretamente nesse processo de abordagem a veículos, com uma ação em massa em todas as áreas do DF. A comunidade deve saber que será abordada com mais fre- quência. Vamos mostrar ao agressor que aqui no DF, ele não terá espaço”, ressalta.
Alvos O coronel revela que o foco dos bandidos não é mais a mulher jovem em carros populares. O alvo passa a ser homens de meia idade, com veículos mais potentes, que possam empreender uma fuga mais rápida e onde haverá menos desconfiança no processo de aborgagem, devido ao estado do veículo.
Além disso, o sequestro relâmpago pode ser vinculado a outros crimes, como o tráfico de drogas, no qual os veículos são repassados como forma de pagamento. “Nos últimos dois anos, a Rotam restituiu à população em torno de R$ 2,6 milhões em recuperação de carros. Ao repassar o veículo ao traficante, este revende por cerca de R$ 3 a 4 mil. E paga ao bandido R$ 200. É como se fosse um serviço, uma forma de comercializar o crime. O carro é esfriado, fica guardado, o que retroalimenta essa ação”, explica.
Sant’anna reitera que o patrulhamento tático não deve lidar só com um tipo de problema, como assalto ou roubo. Ela irá contabilizar este processo, com planejamento, nova aquisição de armamento e inteligência. “Estaremos em todos os pontos do DF. Chegamos em um instante em que a tropa ordinária não tem mais condições de atuar”.
Fonte: http://comunidade.maiscomunidade.com/conteudo/2012-05-19/politica/133724/TROPA-DE-ELITE-CONTRA-SEQUESTRO.pnhtml