A bióloga e professora Elâine Cruz prefere se estressar na direção do carro, do que ser julgada pelo corpo gordo no ponto de ônibus. “Quando a gente sai de casa, a gente tem que encarar o outro, o olhar preconceituoso, o medo de ficar entalada na catraca do ônibus, de não caber na cadeira do teatro, cinema, avião”, diz a professora.
Só depois de denunciar nas redes sociais a falta de atendimento no hospital, o publicitário Thiago Silva, na época com 130 kg e à beira de um infarto, conseguiu ser transferido para um município a 50km, e finalmente realizar os procedimentos médicos no coração.
A pergunta “Teu lugar me cabe?” é também feita pela médica Izabel de Loureiro Maior no Rio de Janeiro e Suélen de Almeida em São Paulo. São cadeirantes que colocam no colo da sociedade o direito de ir e vir, garantido por leis que não são praticadas nem fiscalizadas.
A sociedade brasileira também fecha as portas para os transexuais no mercado de trabalho com carteira assinada; aos idosos que se machucam quando andam em calçadas esburacadas; aos alunos com deficiência (cegos, surdos e cadeirantes) em escolas públicas pouco preparadas para a educação inclusiva.
Um exercício que a arquiteta e urbanista Gabriella Zubelli propõe a todos os trabalhadores de uma obra em construção é a sensibilização: se colocar na pele de alguém que tenha uma deficiência e com isso mudar padrões de altura, largura e diminuir a distância entre usuários numa sociedade mais adaptada para a diversidade.
O programa Caminhos da Reportagem vai ao ar hoje (27), às 20h, na TV Brasil. A íntegra do episódio fica disponível no site do programa.