Como estão as condições de trabalho dos policiais no DF? Como está o "psicológico" desses policiais?

O Jornal Correio Braziliense do dia 27 de agosto de 2013, trouxe a seguinte manchete:  Problemas psicológicos e dependência química: 1.642 policiais pedem ajuda – 273 policiais civis e militares buscaram tratamento a cada mês só no primeiro semestre deste ano. Nela o “ainda” Comandante-geral faz a seguinte declaração:

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Jooziel de Melo Freire, ressalta que os números de policiais em tratamento têm se mantido estáveis. “São usuários de drogas lícitas (álcool) e ilícitas. O que não se recupera ou não aceita o tratamento é excluído da corporação”, garante. Jooziel destaca que as condições de trabalho da PM são excelentes. “O pedido de aumento salarial é legítimo, mas o que ganhamos é condizente com o restante do país”, diz.

 É interessante quando analisamos a fala de um comandante-geral da PM e de um Diretor da Polícia Civil.

” O diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Xavier, informou que vai comentar o caso após ter acesso aos dados detalhados da Policlínica.”

 Percebe-se na fala do Diretor uma aparente tentativa de “preservação” de sua instituição, o que normalmente é feito pelas autoridades em seus discursos.

Já a fala do atual comandante-geral da PM traz algo mais no “discurso da autoridade”, pois demonstra que o comandante tenta passar a impressão ao jornalista que tem conhecimento sobre o assunto, limitando-o apenas a questão legal da coisa.  Para quem está fora da corporação o “discurso da autoridade” é desprovido da “autoridade do discurso”, pois é algo repetido há anos por todos aqueles que passaram por esta posição, isso fica claro na afirmação:

 “ Quem não se recupera ou não aceita o tratamento é excluído da corporação”

 Todos sabemos que não funciona assim!

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 Outro ponto que gerou polêmica foi a frase:

“Ele destaca que as condições de trabalho da PM são excelentes.”

 Quem realmente conhece a Corporação sabe como estão as instalações em nossos quartéis e como são as “condições de trabalho”. Basta ver os problemas de estrutura no próprio QCG. Se visitarmos o BOPE, 3º BPM, 1º BPM, dentre outras unidades veremos de fato o como está a Corporação. Não podemos negar que elas estão melhorando, eu diria que são boas, não excelentes, para chegarmos ao excelente falta muito.

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Cito como exemplo um email que recebi:

Prezado Amigo, Como estás? Tem algo que tem me incomodado esta semana. Será que nosso deputado pode fazer algo a respeito? O comandante geral, afirmou em entrevista concedida ao Correio Braziliense, que as condições de trabalho são excelentes na PMDF, será que ele conhece as reais condições de alguns setores da Polícia Militar? Esta semana, temos um esgoto que estourou em frente à Academia da Polícia, quando você passa com o carro, o odor de urina é horrível, à tarde este odor desagradável chega até o supermercado e lanchonete da CABE. Atrás da Diretoria de Pessoal Militar, Diretoria de Promoção e da Diretoria de Pagamento, todas ficam num prédio antigo todo remendado, tem um esgoto de pia de cozinha que está estourando sempre, os policiais que ali trabalham muitas vezes tem que desempenhar suas funções, com o odor desagradável deste esgoto. Atualmente os banheiros femininos e masculinos encontram-se com torneiras quebradas, pias inutilizadas por isto, caixas de descargas quebradas, o que também inutiliza alguns boxes, esta semana algumas policiais estavam fazendo uma vaquinha entre elas pra obter dinheiro para o conserto. Algumas lâmpadas queimadas pois faltam reatores. As instalações são insuficientes, temos máquinas (computadores) ultrapassados os quais não atendem às demandas, mobiliário velho, algumas peças quebradas, falta de espaço para arquivo do material de trabalho. Ar-condicionados quebrados, muito calor e desconforto neste tempo de seca. Sem impressoras adequadas. A manutenção do filtro de água para consumo da Diretoria de Pagamento é feita pelos servidores, com vaquinhas. Não há local adequado para recepção de quem procura atendimento nestas Diretorias. E há vários outros problemas menores, os policiais que ali trabalham desempenham suas funções de maneira excepcional a despeito do que lhes oferecem para trabalhar, mas está acabando a motivação que os motivou até agora é perceptível o desânimo geral. Não é possível que se dê este tipo de declaração enquanto o Departamento de Gestão de Pessoal agoniza trabalhando em um local como aquele. Se possível dê conhecimento ao Deputado.

Por favor, omita minha identidade pois tenho medo de sofrer represálias por ter a coragem de denunciar a verdade. Abraços,

 A expressão abaixo talvez possa explicar porque tantos policiais procuram o tratamento psicológico:

” Omita minha identidade pois tenho medo de sofrer represálias por ter a coragem de denunciar a verdade.”

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ESTAMOS HÁ ANOS JOGANDO A SUJEIRA PARA DEBAIXO DO TAPETE! PRECISAMOS LIMPÁ-LO DE UMA VEZ, PARA ISSO É PRECISO SACUDIR A POEIRA. ISSO IRÁ NOS CAUSAR ALGUNS ESPIRROS, MAS NO FINAL A CASA ESTARÁ LIMPA.

Abaixo, reportagem completa do Correio Braziliense para que tirem suas próprias conclusões:

Distúrbios psicológicos e dependência química levam, em média, 273 policiais civis e militares a buscarem tratamento médico todos os meses. Somente no primeiro semestre deste ano, 1.642 agentes da segurança solicitaram ajuda nas respectivas corporações, de acordo com a Subsecretaria de Integração e Operações de Segurança Pública. Números que os representantes das categorias acreditam ser ainda maiores porque nem todos recorrem ao serviço médico.

Dos 80 policiais militares em tratamento atualmente, 58 — ou 72,5% — fazem parte do Programa de Recuperação e Apoio ao Dependente Químico (Pradeq). Quatro deles estão internados em clínicas de reabilitação. Outros 22 recebem apoio no Programa de Resgate a Autoestima e Valorização da Vida (Praev-Vida). A maioria absoluta dos pacientes é experiente e tem mais de 10 anos de trabalho.

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As unidades que mais encaminharam militares para o Centro de Assistência Social (Caso) este ano foram o 11º (Samambaia) e o 9º (Gama) batalhões, cada um com 13 profissionais atendidos, seguidos pelo 17º (Águas Claras), com oito, e pelo 2º (Taguatinga Centro), com sete.
No caso da Polícia Civil, não está detalhado qual tipo de atendimento médico é prestado aos agentes. Dos 5.076 servidores, pelo menos 1.562 passaram por consulta psicológica no primeiro semestre do ano. O diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Xavier, informou que vai comentar o caso após ter acesso aos dados detalhados da Policlínica.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Jooziel de Melo Freire, ressalta que os números de policiais em tratamento têm se mantido estáveis. “São usuários de drogas lícitas (álcool) e ilícitas. O que não se recupera ou não aceita o tratamento é excluído da corporação”, garante. Jooziel destaca que as condições de trabalho da PM são excelentes. “O pedido de aumento salarial é legítimo, mas o que ganhamos é condizente com o restante do país”, diz.

Saiba mais: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2013/08/27/interna_cidadesdf,384666/problemas-psicologicos-e-dependencia-quimica-1-642-policiais-pedem-ajuda.shtml#.UhzUCCx0gn0.facebook

“Um líder motivador tem que incentivar sua equipe a lutar, mostrar às pessoas que elas não estão sós, que você está do lado delas lutando, e que alcançarão a vitória desejada.” (Robson Rodovalho)