A primeira-dama e coordenadora do Gabinete de Políticas Sociais (GPS), Gracinha Caiado, realizou entre quarta e quinta-feira (28 e 29/10), em Mineiros e Chapadão do Céu, mais uma etapa do mapeamento do artesanato goiano para a criação do Sistema do Artesanato de Goiás (SAG) e do Selo do Artesanato, uma certificação da qualidade do trabalho produzido em território goiano. A iniciativa, realizada junto à Secretaria da Retomada, tem como objetivo reconhecer, valorizar e divulgar as potencialidades dos artistas goianos, garantindo qualificação e renda.
“Isso é a mão estendida do Estado para a economia criativa, que foi tão esquecida durante anos e que, por determinação do governador Ronaldo Caiado, será prioridade. Queremos valorizar nossa cultura e preservar nossas tradições”, afirmou.
O levantamento é minucioso e parte do princípio de ouvir os artistas e entender a realidade de cada região. Por isso, uma equipe técnica – entre eles a coordenadora do Programa do Artesanato da Secretaria da Retomada, Miriam Pires e o superintendente da Retomada, Trabalho, Emprego e Renda, Décio Coutinho – visitou e conversou com artesãos locais. São nesses encontros que o Governo de Goiás ouve a demanda para elaborar políticas públicas voltadas ao setor, composto por cerca de 9 mil pessoas de todas as regiões do Estado.
No primeiro dia, a equipe técnica visitou Rosa Maria Silveiro, de 67 anos, que trabalha com malha e também cria diversos produtos a partir da fibra de buriti. Uma arte manual e demorada, que resulta uma riqueza de detalhes. Ela ficou animada com a criação do SAG e a perspectiva de ter seu artesanato valorizado e distribuído não só em Mineiros, como por todo Estado e pelo Brasil. “Com o sistema e a cooperativa, nosso trabalho terá mais saída e isso vai ajudar muito”, projetou ela.
Já Elpídio Alves, de 78 anos, trabalha junto ao filho no reaproveitamento de madeira, que se transforma em utensílios e móveis, como gamela, pilão, tábua, colher de pau, monjolo, cama, mesa e cadeira. Uma atuação tradicional na família, vinda da Bahia, e que já está na terceira geração. “Com a pandemia, nossas vendas caíram cerca de 20 a 30%. Precisamos desse apoio. [Com a ação do governo], temos a expectativa de vender mais produtos. Quero até comprar uma nova máquina para fazer as peças com mais rapidez”, afirmou o artesão.
Ao chegar em Mineiros, Gracinha Caiado prestigiou uma exposição de artesanato instalada no Colégio José Alves de Assis. Depois de conhecer o que é produzido na região, como bonecas de pano, chaveiros, quadros, esculturas de madeira, tapetes e bolsas, a primeira-dama assegurou que o objetivo do governador Ronaldo Caiado é dar voz aos artesãos, potencializar as vendas e melhorar a renda daqueles que vivem da própria arte. “Por trás desse trabalho, tem pessoas que precisam da renda. E o que estamos fazendo é exatamente capacitar para que eles possam produzir melhor”, salientou.
No local, foi anunciada uma parceria entre o Governo de Goiás e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que ajudará nessa capacitação dos artistas locais. Os artesãos com registro ou Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) terão acesso gratuito à consultoria via SebraeTec para construção da própria marca, como identidade visual, embalagens, site e artes para as mídias sociais. “Vamos profissionalizar os negócios de artesanato como forma de acessar novos mercados”, destacou a analista do Sebrae Goiás, Heloene Vicente Leal.
O secretário da Retomada, César Moura, afirmou que essa parceria é mais uma prova de que o recém-lançado SAG veio para valorizar todo o tipo de arte manual. “Queremos dar visibilidade e mostrar para a população o quão rico é o nosso artesanato”, frisou. A primeira etapa desse mapeamento, lembrou, ocorreu em setembro, durante visita a Olhos D’Água. “E vamos fazer todo mês duas visitas em regiões onde o artesanato é forte”, informou.
O deputado federal José Mário Schreiner acompanhou a agenda de Gracinha em Mineiros e classificou a ação de governo como um momento ímpar para a região. “Não me lembro de, aqui em Mineiros, uma primeira-dama ou alguém do governo voltado para essa área, incentivar e apoiar. Isso mostra que estamos vivendo um tempo diferente”, afirmou. “Precisamos reconhecer que o governador Ronaldo Caiado trabalha e faz um governo sério, um governo para o Estado mas, acima de tudo, para as pessoas”, completou o parlamentar.
Parceria garantirá acesso a máquinas de cartão de crédito
Já em Chapadão do Céu, na quinta-feira (29/10), a comitiva deu continuidade às visitas aos artesãos. Na ocasião, o secretário da Retomada, César Moura, anunciou parceria com a GoiásFomento para impulsionar os negócios locais. Além de microcrédito social voltado para o setor, a iniciativa vai garantir a distribuição de máquinas de cartão de crédito, entre quem tiver a carteirinha ou o selo do artesanato. Isso porque uma das demandas verificadas pelo mapeamento indica que a ausência dessa tecnologia provoca perda de vendas. “Vamos fazer o fomento financeiro e intelectual. Esse é um apoio para o artesão realmente gerar emprego e renda”, asseverou o secretário.
A novidade foi celebrada pela primeira-dama, que cumpriu agenda também acompanhada da secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis. “O que falta a essas pessoas é a oportunidade de levar o seu produto além fronteiras, e é isso que nós estamos fazendo”, reafirmou. Gracinha disse, ainda, que os artesãos precisam estar preparados para atender os clientes, a maioria deles turistas. Em um dos compromissos no município, ela esteve em uma exposição no Núcleo de Voluntários de Combate ao Câncer, onde conheceu produtores de bonecas de pano, esculturas em madeira, produtos para cozinha e também bijuterias.
Mais cedo, a equipe do governo estadual foi até a casa de Neusa Alves de Jesus, de 74 anos, e de seu esposo, Pedro Rodrigues de Jesus, de 79. Os dois são casados há 56 anos. Ela aprendeu, ainda adolescente, a fazer tear e desenvolve diversos produtos, como cachecol e tapetes. Parte do trabalho envolve descaroçar o algodão e, com outros dois instrumentos, fazer os fios para criar os produtos artesanais. O casal pediu um olhar especial para a criação de um ambiente que pudesse preservar a tradição. “Seria importante voltar a casa do artesanato. Um espaço com estrutura e que possamos ensinar outras pessoas”, explicou Neusa.
Logo em seguida, a comitiva foi à loja das “Três Margaridas”, como são conhecidas Genides Gorgen, sua filha Sandra Gorgen e a amiga Lenita de Oliveira. Gracinha conheceu o trabalho feito em patchwork com hexágonos, técnica de construir diversos produtos de casa com tecido sobre tecido e retalhos. “É tudo manual. Uma tradição pouco comum no Brasil, que a gente não recebe instruções de como faz. Aprendi com minha mãe”, disse Sandra. Sobre o auxílio do governo para alavancar os negócios, ela classificou como importante, especialmente porque na pandemia, “o artesanato, que é ligado ao turismo, foi muito afetado”.
Fotos: Cristiano Borges