O assunto desta terça-feira (10) não é a seleção brasileira, treinando para as eliminatórias da Copa, nem a rodada desta quarta-feira (11), com os times se preparando para os jogos de ida das quartas-de-final da Copa do Brasil. O que mais se fala é sobre a chegada de Rogério Ceni como novo técnico do Flamengo. O ex-goleiro do São Paulo, que estava trabalhando no Fortaleza, aceitou a proposta para substituir Domènec Torrent e já estreia contra o Tricolor paulista, em mais uma ironia do destino.

Tanto o Flamengo quanto Ceni estão sendo criticados pelas atitudes que tomaram. O clube por ter “aliciado” um profissional que estava empregado; e o técnico por ter aceitado o convite, principalmente porque, há algumas semanas, demonstrou a intenção de ficar no Fortaleza até o fim da temporada.

O Flamengo não fez isso pela primeira vez, mas também já perdeu técnico para outro clube desta forma, e o mais recente foi o português Jorge Jesus – e o Rubro-Negro se sentiu traído pelo Benfica. Rogério Ceni não é o primeiro técnico a aceitar uma proposta (nem será o último) e também pode ter levado em consideração as muitas demissões que vimos no futebol brasileiro, tornando a profissão de técnico de futebol uma constante gangorra. Aliás, ele mesmo está sendo contratado pela demissão de outro profissional por conta de resultados um tanto desfavoráveis para o gosto do torcedor do Flamengo.

Podemos discorrer por várias linhas entre posições contrárias e favoráveis ao dois envolvidos na questão. Eu, sinceramente, não vejo problema maior. Um trabalhador recebe um convite, avalia os lados pessoal e profissional e escolhe o que fazer. Se uma empresa resolve contratar um diretor de outra, ela vai à concorrente avisar sobre esse interesse? Pois é o que se exige no futebol. E que, por envolver paixão, torna questões como essa ainda mais discutíveis e discutidas.

 

A Copa do Brasil

E com Flamengo e Internacional de técnicos novos, a Copa do Brasil prossegue nesta quarta-feira (11) com os jogos de ida das quartas-de-final. Passar para a próxima fase representa R$ 7 milhões na conta. Dinheiro que faz falta a qualquer um dos oito envolvidos na disputa, por conta desse 2020 tão diferente.

Serão quatro jogos bem distintos e não me arrisco a apontar favoritos, inclusive porque o fator “casa” se torna menos relevante pela ausência de torcida. O Grêmio e o Internacional vão enfrentar equipes que disputam a Série B, Cuiabá e América-MG, respectivamente, mas que eliminaram outros times da Série A nas oitavas-de-final, no caso Botafogo e Corinthians, pela ordem. O Colorado ainda vai decidir fora de casa, se isso pode ser minimamente considerado, e sem Eduardo Coudet na beira do campo (Abel Braga é o novo técnico), o que causa impacto maior, no meu entender. Tenho de arriscar? Então tá, passam Grêmio e América-MG, mas é puro palpite, e não costumo ser bom nisso.

Palmeiras e Ceará é um confronto de Série A. Mas a posição na tabela indicaria o Verdão favorito. Só que o Ceará não perde no Brasileirão há seis jogos, enquanto o Palmeiras venceu as três últimas partidas e chega com um novo treinador. Pela 13ª rodada, o time paulista venceu por 2 a 1, meio no sufoco, mas com volume de jogo maior. Vou arriscar Palmeiras.

E por fim teremos o “clássico da rodada”, com Flamengo e São Paulo. Que há poucos dias se cruzaram no Maracanã e o Tricolor passeou com um 4 a 1 inapelável. De certa forma, o São Paulo tem “culpa” pela contratação do Ceni, e poderá pagar por isso agora, já que, à frente do Fortaleza, o técnico quase eliminou os paulistas da Copa do Brasil, depois de dois empates e de uma disputa de pênaltis com 20 cobranças. O que pode pesar nesse confronto é que o São Paulo é conhecido do Flamengo e de Ceni. E esses dois, agora juntos, podem surpreender. Meu palpite? A vaga será decidida nos pênaltis.

 

Por Sergio du Bocage, apresentador do programa “No Mundo da Bola”, da TV Brasil