O maior reconhecimento ao nosso companheiro seria a promoção por ato de bravura! Por todas as perdas e sofrimento e por todo o futuro que teria na corporação! Precisamos levantar esta bandeira! No dia que o vi é como seu eu também tivesse perdido um pedaço do meu corpo. Isso é o verdadeiro sentimento do espírito de corpo! (Aderivaldo Cardoso)
No serviço policial militar, mais do que na maioria das profissões os riscos inerentes ao serviço são muito grandes. Nossa saúde é posta a prova de todas as formas, mantemos contato com todo tipo de gente em todo tipo de ambiente. Entramos em becos e ruelas, descemos em buracos e abordamos pessoas que já esqueceram o que é higiene há muito tempo.
Passamos madrugadas acordados e dormimos de dia, ou passamos o dia todo tomando sol e no mesmo serviço somos agraciados com o sereno noturno. Chuva não é e nunca foi empecilho para o serviço policial. Nosso organismo e nosso relógio biológico perde totalmente a funcionalidade, mas gostamos do que fazemos (a falta do reconhecimento financeiro é bem verdade) e fazemos com dedicação.
Mas infelizmente durante nossa jornada na CASERNA muitas vezes nossos guerreiros são acometidos por intempéries, eles se machucam em acidentes de viatura, ou são feridos durante atendimento de ocorrências, ou até mesmo acometidos por graves doenças.
Ao saírem do bom combate, nossos companheiros saem de cena para se cuidar, para se reerguerem, ficam aos cuidados de familiares e amigos, e sempre lembrados pelos PAPA MIKES que ficaram no dia-a-dia. Mas o tempo passa e a correria da vida acaba deixando as lembranças mais distantes de nossos colegas.
Não sabemos como é importante mantermos os laços fraternais com estes colegas que por um motivo ou outro saíram das ruas, ligar para eles, visitá-los, quem sabe até combinar para que ele visite o batalhão no seu dia de serviço. Um ar nostálgico, uma demonstração de que são importantes onde quer que estejam, na ativa ou inatividade.
Para contar onde e como estão criamos está categoria. E para começar vamos falar do nosso colega SGT FERREIRA DO 3°BPM que este ano sofreu um grave acidente durante um acompanhamento:
No dia 04 de setembro deste ano uma equipe do GTOP 23 (Grupo Tático Operacional da asa Norte) durante um acompanhamento sofreu um acidente na L2 Norte e dos quatros policiais que se encontravam na viatura dois se feriram de forma mais grave onde o comandante da guarnição, SGT Ferreira, matrícula 23 mil devido à gravidade dos ferimentos que sofreu, perdeu sua mão direita.
Fui me encontrar com nosso colega PAPA MIKE Ferreira que agora já se encontra em casa tendo que deslocar ao Hospital São Francisco eventualmente para fazer curativos no seu antebraço. Uma conversa franca onde o SGT Ferreira que hoje conta com 14 anos de policia trabalhados entre policiamento geral, radiopatrulhamento e até a data do acidente estava no GTOP 23. Ferreira fez o IV CTOP e vibrava como todos nós há algum tempo vibrávamos nas ruas.
Sobre o acidente
ACIDENTE DA EQUIPE DO SGT FERREIRA (GTOP 23)
Foi durante um acompanhamento, que a viatura onde da equipe de GTOP 23 comandada pelo SGT Ferreira sofreu o grave acidente em que ele feriu seriamente a mão direita. O motorista, CB Anderson quebrou a clavícula, e os dois policiais que estavam no banco de trás escoriações leves.
Segundo o colega desde o acidente até a anestesia do médico que o atendeu a dor era insuportável e devido ao atendimento dos colegas bombeiros já suspeitava que seu ferimento fosse muito sério.
Quando foi transportado para o HBB colegas de farda, familiares e amigos rapidamente foram para o hospital acompanhar a situação de Ferreira, todos muito apreensivos com o atendimento devido à gravidade do ferimento na mão direita de Ferreira. Infelizmente devido à gravidade do acidente o combatente perdeu a mão direita.
Sobre a assistência da PMDF
O primeiro atendimento ao SGT Ferreira foi no Hospital de Base, mas assim que teve condições o policial foi transferido para o Hospital São Francisco na Ceilândia, passando mais de 30 dias internado, onde os custos deste hospital particular foram custeados pela PMDF. Ferreira foi acompanhado por serviços psicológicos do CASO, mas quanto à essa assistência, ela ocorreu devido à insistência de colegas de equipe do policial. Pelo menos até agora a caserna mesmo que em alguns casos dependendo da iniciativa de policiais não falhou na assistência ao policial, mas um longo caminho ainda há de ser percorrido já que hoje em dia próteses modernas são disponibilizadas para que o policial desta forma possa recuperar boa parte de funcionalidade com o membro direito.
O recomeço
No início tudo foi novidade, onde Ferreira teve que reaprender a executar tarefas básicas como escovar os dentes e escrever. Cada tarefa exigia novos movimentos, novas técnicas. Aprender a amarrar o cadarço, a cortar um pão, mas nunca fez papel de coitado, nunca ficou se lamentando sobre a vida, o acidente ou outros percalços. Simplesmente lutou, tentou e foi em frente. Leu um livro que o inspirou muito chamado UMA VIDA SEM LIMITES de autoria de NICK VUJICIC.
O apoio familiar
A superação do colega Ferreira apesar do apoio de colegas do 3º Batalhão teve em sua família a principal força para se superar no dia-a-dia. Esposa e filhos foram cruciais para a recuperação física e psicológica do policial. Foi com sua família que percebeu que por mais dedicados que sejamos em determinados momentos da nossa vida precisamos de apoio e o apoio familiar foi fantástico.
A contínua superação do nosso colega está sendo surpreendente e esperamos que seja na Policia Militar (caso não seja reformado) ou em sua residência ele alcance seus objetivos de vida, e com sua família e amigos continue firme como está.
Parabéns combatente, fiz questão de trazer sua história ao Blog por ser uma inspiração para todos nós que sabemos o que aconteceu com você e como você tem reagido.
E um abraço especial a colegas do SGT Ferreira que correram atrás fazendo muitas vezes o papel que caberia à nossa instituição. Sargentos Wederson, João Alves (conhecido como BAHIA) e M. Henrique.
Fonte: http://www.casernapapamike.com.br/como-esta-o-sgt-ferreira/