Há quase oito anos venho desenvolvendo a tese do policiamento inteligente. A defini como a busca da eficiência, eficácia e efetividade das ações policiais. Dividi a “busca” pelo policiamento inteligente em três fases: ideológica, metodológica e as ações propriamente ditas. A fase ideológica se divide em: quebra de preconceitos por meio de novos conceitos que geram uma mudança cultural ou uma mudança de comportamento dentro do sistema, o que chamo de quebra de paradigma dentro do sistema de segurança ou simplesmente “desmilitarização cultural”.
A segunda fase eu divido em mais três fases: planejamento – o que fazer e como fazer, mobilização: interna e externa e o planejamento orientado para o problema que resultará no “policiamento orientado para o problema.
Na última fase teremos as ações individuais, onde iremos perguntar o que cada indivíduo pode fazer para melhorar o sistema e as ações coletivas, onde perguntamos o que nós, grupos organizados, governo, polícia e outros entes e instituições podemos fazer para melhorar o sistema. Sempre visando a aproximação entre a polícia e a comunidade e a melhoria na prestação do serviço. Acredito que aproximar a polícia da comunidade também é garantir segurança pública.
Durante muito tempo percebi que dentro das corporações policiais eu não conseguia me fazer entender para a maioria. Somente alguns compreendiam a visão que eu tenho. Percebi que nossa formação militar, principalmente da praça é limitadora na maneira de pensar. Somos formados dentro da visão cartesiana. Não é atoa que dividimos tudo em quadrante. Além disso, ainda somos formados dentro da limitação da escola positivista e limitados pela formação “limitarista”.
Minha visão é sistêmica, até pela minha formação acadêmica, passei pela Arquivologia, Administração, Ciência Política, Antropologia, Sociologia, Psicologia, Direito, dentre outras áreas de interesse. Sou jusnaturalista por convicção. Não é fácil ser compreendido dentro de uma visão “limitarista”. Normalmente estou falando as mesmas coisas que a maioria, mas como optei em manter meu linguajar técnico e não fazer xingamentos ou falar o que o povo quer ouvir, mas sim o que ele precisa ouvir, muitas vezes sou incompreendido. A maioria não percebe que esta tudo interligado, que falo sobre tudo que eles também discutem, as vezes de maneira mais aprofundada , infelizmente, alguns somente compreendem quando se individualiza os assuntos.
É hora de compreendermos que: “Para os cartesianos, a mente está totalmente separada do corpo físico. A sensação e percepção da realidade são pensados como fontes de mentiras e ilusões”. “O pensamento sistêmico não nega a racionalidade científica, mas acredita que ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento humano, e por isso deve ser desenvolvida conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas tradições espirituais. É visto como componente do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, aliás, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade.“
*No livro policiamento inteligente, definimos “limitarismo” como “limitador de potenciais dentro do militarismo”.
Por: Aderivaldo Cardoso.