A pandemia do novo coronavírus trouxe, além da doença em si, uma série de consequências psicológicas e ansiedades sobre o isolamento social, a quarentena e condições de vulnerabilidade. O programa Caminhos da Reportagem desta semana aborda as variadas formas de lidar com os sentimentos trazidos pelas mudanças.
O psicólogo Matheus Morais Inácio voltou para a casa dos pais em São Joaquim da Barra (SP) assim que a quarentena chegou em Belo Horizonte (MG). Ali, na pequena cidade do interior de São Paulo, Matheus atende todos os dias diante de seu computador. “Eu trabalho com um tipo de ‘preço social’, mais baixo, para pessoas negras e da comunidade LGBTQ de baixa renda, que estão com as angústias mais intensificadas neste isolamento.”
As conversas com os pacientes online já eram uma realidade para a psicóloga Mayara Tavares dos Santos antes da pandemia. Mas agora impedida de sair, o que era qualidade vida virou um problema. “Eu começo a perceber que ficar em casa o tempo inteiro passa a ser mais sufocante do que qualidade de vida”.
Para os pais de adolescentes e crianças com transtorno do espectro autista que ficaram sem atendimento terapêutico presencial, bastaram algumas semanas para rotina ficar bem desorganizada. “Dentro de casa, presos assim, a gente perde essa possibilidade de levá-los para ter contato com outras pessoas, pra receber estímulos”, diz Fabiana Rodrigues, mãe de dois filhos autistas em Campinas (SP). Depois que Eduardo voltou ao tratamento em uma clínica de São Paulo, Paula Mondini admite que a casa “ficou mais leve”.
E quem não consegue ficar no isolamento, como define o bem-estar emocional? “Não durmo direito, choro quando tenho de deixar meu filho de 11 anos sozinho para sair todos os dias para trabalhar. Não sei mais o que significa ter saúde mental”, diz Mirella Cardoso, motorista em São Paulo.
Essas e outras histórias serão reveladas no programa Caminhos da Reportagem, hoje (16), às 20h, na TV Brasil.