As fortes chuvas que caíram no no noroeste do estado do Rio de Janeiro deixaram desabrigados cerca de 2,3 mil moradores do distrito de São João do Paraíso, no município de Cambuci, que se alojaram em casas de parentes e de amigos na região. Segundo a Defesa Civil do município, a prefeitura disponibilizou um abrigo que não chegou a receber moradores porque eles já tinham conseguido locais para ficar.

“Nós disponibilizamos locais, porém, não houve necessidade por parte da população”, disse o secretário de Defesa Civil, Eduardo Werneck, em entrevista à Agência Brasil.

No município, que tem 16 mil habitantes, 1,7 mil moradores tiveram as casas alagadas, mas permanecem nas residências. “Eles viraram a madrugada limpando para tentar ficar dentro das suas casas hoje, mas perderam tudo dentro de casa. E agora a gente vai entrar com colchões para que permaneçam em suas residências”, informou Werneck. Os bens dessas pessoas, que não foram perdidos, estão sendo levados para as ruas.

Segundo o secretário, a área que sofreu maiores danos foi a dos distritos de Cruzeiro, Monte Verde e São João do Paraíso. “Com certeza, é a área mais atingida. Cruzeiro e Monte Verde são distritos mais no alto da serra nossa aqui, e São João do Paraíso é mais embaixo. Então, essa chuva se concentrou lá e canalizou aqui para baixo, atingindo São João com mais intensidade ainda”, disse o secretário. Ele destacou que, no centro do município, apesar dos alagamentos, os impactos foram menores.

De acordo com o secretário, ainda não foi possível levantar se há desalojados em Cruzeiro e Monte Verde, porque é preciso desobstruir a estrada para chegar lá.

A Secretaria de Estado de Defesa Civil informou, em resposta à Agência Brasil, que apoia ações no município de Cambuci. “Por meio da Rede Salvar, [a secretaria] já enviou para a cidade 2 mil litros de água potável. Nossos agentes auxiliam, ainda, na limpeza das ruas. A secretaria está à disposição em caso de outras necessidades”. O secretário municipal disse que as equipes da Defesa Civil estadual estão em Cambuci desde ontem (18), monitorando a logística de 500 cestas básicas e de 500 kits dormitório, que já estão a caminho. “E os moradores de Monte Verde estão necessitando de água”, acrescentou.

A chuva mais forte caiu na madrugada de ontem. Hoje, embora, haja previsão de chuva a intensidade deve ser menor, ainda há preocupação com os locais já atingidos. Eduardo Werneck disse que ainda não é possível estimar quando tudo estará recuperado no município. “Não tenho nem previsão. É muita coisa”, observou.

Ao todo, cinco pontes foram destruídas, e os distritos de Cruzeiro e Monte Verde ainda estão sem acesso. Até agora, não há prazo definido para reconstrução das pontes, que  estão sob responsabilidade do estado. Equipes do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ) estão no município para avaliar os projetos de reconstrução. “O pessoal do DER está analisando para ver o que podemos fazer. São pontes do estado, aí, o DER está aqui, rodando, para levantar a real situação”, completou o secretário.

Norte fluminense

Na região norte do estado, na divisa com o Espírito Santo, as obras do encabeçamento da Ponte da Amizade sobre o Rio Itabapoana, que liga a ES-060, no município de Presidente Kennedy, à RJ-224, na cidade fluminense de Campos dos Goytacazes, o DER do Espírito Santo iniciará na próxima segunda-feira (23) as obras no local.

“A parceria entre os dois estados resultou na obra do encabeçamento da ponte. O DER-ES é que irá executar tanto os trabalhos iniciais de reparo quanto às obras definitivas”, informou, em nota, o DER-RJ. Segundo a nota, a opção para que os motoristas tenham acesso aos estados é pela BR-101. “As obras têm previsão de início na segunda-feira, e a interdição será total até a conclusão destas.”

Previsão

A chuva também caiu forte em São Fidélis, Pádua, Cordeiro e Friburgo. Em Itaocara, com o transbordamento do Ribeirão das Areias, a água invadiu casas e ruas do município na madrugada de quarta-feira. “Ontem tivemos acúmulo bastante grande [de chuvas] na região de Santa Maria Madalena, um pouco também na região de Nova Friburgo e Teresópolis, mas não foi nada tão intenso. Ainda com mais intensidade nas áreas com a divisa de Minas, que têm estado muito ruins e têm previsão de ser um pouco mais fortes”, informou à Agência Brasil a meteorologista Marlene Leal, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Segundo a meteorologista, a chuva forte foi causada por uma frente fria que já está em deslocamento para o Espírito Santo e para o sul da Bahia. Apesar disso, permanece o aviso de chuva intensa na região. “O aviso amarelo, que vai de 20 a 30 milímetros a cada hora e de até 50 milímetros em 24 horas, que é uma chuva mais forte, até a noite e madrugada de amanhã [20], englobando ainda as regiões norte e noroeste do estado. Podem ocorrer ventos com rajadas ainda mais fortes, mas está descartada a possibilidade de granizo”, afirmou.