Pouco compreendido pela ciência e carregado de estereótipos no imaginário comum, o autismo faz parte da vida de muitos estudantes que chegam à universidade, como as irmãs Vitoria Silva Antunes e Rebeca Silva Antunes, respectivamente egressa e caloura do curso de Pedagogia da Unidade Universitária de Goianésia da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

História de superação

Vitória, 24 anos, ingressou no curso de Pedagogia em 2015 e descobriu estar no espectro autista durante a graduação. Diagnosticada como autista nível 1 de suporte para comunicação social e nível 2 para comportamento restrito e repetitivo, ela conta que o processo de adaptação foi complicado, pois as mudanças de rotina resultantes das alterações de professores e disciplinas de um semestre a outro engatilhavam crises nela. Ela conta que a socialização também era complicada e frequentemente chorava e se estressava durante os intervalos. 

UEG- ESPECTRO AUTISTA 1


Com o diagnóstico de TEA, Vitoria passou a ter direito de acompanhamento de uma professora de apoio durante as aulas, que ficava com ela também nos intervalos e a ajudava a se organizar para as aulas. Segundo ela, a presença da professora ajudou bastante seu desenvolvimento nos estudos e a motivou a se dedicar ao tema da educação especial/inclusiva, 

Mas os desafios enfrentados por ela não param aí. Vitoria também tem uma deficiência visual (baixa visão), que fez com que ela precisasse frequentar salas de AEE (atendimento educacional especializado) durante sua vida escolar, mesmo antes do diagnóstico de TEA. Já no decorrer da graduação, o surgimento de um tumor cerebral fez com que ela precisasse adiar a produção/apresentação de seu Trabalho de Conclusão de Curso, impedindo que ela colasse grau com sua turma em 2018. Mas em 2019, apesar da dificuldade de lidar com a pressão do TCC, Vitoria o apresentou alcançando nada menos que a nota máxima. 

Entretanto, de acordo com Vitoria, o hiperfoco e o comportamento repetitivo, comum nos autistas, podem ser utilizados de maneira produtiva na vida acadêmica. “O que me ajudou é que eu tenho boa memória e, como grande parte dos autistas, eu fico repetindo as coisas na minha cabeça, então eu sempre lembrava das explicações dos professores”, explica. Qualidades assim podem ser utilizadas de maneiras bastante produtivas. “Quando gostamos de um tema ficamos até obcecados por ele”, completa a egressa. 

Hoje Vitoria é pós-graduada em Educação Especial/Inclusiva e TEA e está fazendo sua segunda pós-graduação, desta vez em em Neuroeducação. Ela trabalha como profissional de apoio na Escola Estadual Presidente Kennedy com turmas de 6° e 7° ano e aguarda o resultado do processo seletivo para professora de apoio da UEG.

A história se repete

A irmã de Vitoria, Rebeca, de 18 anos, também está no espectro autista e foi aprovada recentemente no vestibular da UEG e inicia suas aulas na próxima segunda-feira, 11 de abril. Ela diz estar muito feliz por ingressar na universidade e diz que todo o esforço valeu a pena.

Ela conta que durante meses estudou todos os dias por horas a fio com o apoio da irmã e isso a ajudou muito com a aprovação. “Espero receber um professor de apoio como minha irmã recebeu. No vestibular eu tive prova ampliada por causa da minha baixa visão e sei que posso contar com a UEG, assim como minha irmã, para receber esse apoio. Estou ansiosa para começar as aulas, espero que eu possa ser uma boa aluna, me formar, fazer amigos e conseguir um bom trabalho como pedagoga”, afirma Rebeca.

Inclusão nas redes

Além de sua trajetória acadêmica, as irmãs Rebeca e Vitoria adoram desenhar e descobriram que podem usar seus talentos nas redes sociais para conscientizar a sociedade sobre autismo e inclusão.

As duas mantêm os perfis “Falando sobre TEA” no Instagram e Facebook, onde apresentam seus trabalhos e abordam o tema da inclusão. 

A Universidade Estadual de Goiás parabeniza Rebeca e Vitoria por sua conquista e segue em sua missão e propósito de oferecer um ensino público, gratuito e de qualidade para todos os goianos. 

Fonte: Universidade Estadual de Goiás