A Ocupação Eduardo Coutinho, que passeia pela obra de um dos mais importantes nomes do documentário no Brasil, vai poder ser vista a partir deste sábado (10), no Instituto Moreira Salles Rio (IMS Rio), na Gávea, zona sul da cidade. A exposição, que mostra as diversas manifestações artísticas do cineasta e jornalista, é uma parceria do Itaú Cultural com o Instituto Moreira Salles (IMS), que detém o acervo de Coutinho, compondo grande parte dos itens da mostra, entre documentos e fotografias. 

Os acervos das cinematecas de São Paulo e do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio também cederam trabalhos que estarão expostos até fevereiro de 2021. Além da sua participação em filmes, a Ocupação traz ainda algumas das incursões de Coutinho como ator e a presença dele no teatro.

A mostra que já foi apresentada em 2019 no Itaú Cultural, em São Paulo, chega ao Rio com novidades. A gerente do Núcleo de Memória do Itaú Cultural, Tatiana Prado, que integra a curadoria da mostra, disse que o eixo principal é o acervo do Instituto Moreira Salles, mas, agora, a diferença da exposição é que em São Paulo, parte dos documentos era reprodução em fac-símile, enquanto no Rio o visitante terá a oportunidade de ver os originais.

“Por exemplo, tem o roteiro do Cabra Marcado Para Morrer, que é um filme bastante emblemático na carreira dele; e tem os cadernos de anotação, usados na preparação que ele fazia tanto para os filmes como para as entrevistas com as pessoas dos filmes mais recentes. Também do acervo do Instituto Moreira Salles tem o cinzeiro que ele usava. Muita gente já deve visto em fotografias que ele não largava o cigarro”, disse.

Os visitantes vão poder ver também a máquina de escrever do cineasta, a câmera principal das filmagens de Cabra Marcado para Morrer e a cadeira onde sentavam os seus entrevistados em filmes mais recentes, como Jogo de Cena. A cadeira faz parte do acervo da Vídeo Filmes. “A gente fez a construção dos documentos, objetos e com filmes nas composições de cada sala expositiva”, disse Tatiana.

Alterações

Para a gerente, ainda não é possível saber como será o comportamento do público no Rio, ainda mais durante a pandemia, mas adiantou que haverá uma novidade que pode envolver os visitantes.

“Muda o espaço e o jeito com que as pessoas se relacionam com a exposição. A gente vai ter no Rio, logo na entrada, uma foto grande que a gente não tinha em São Paulo. Então, tem algumas alterações que podem impactar a experiência do público. Acho também que é simbólico o fato de estar na casa essa fotografia, que é da comunidade Vila Parque da Cidade [na Gávea], onde foi filmado Santo Forte um documentário importante da carreira dele. Ela está na entrada e talvez crie uma identificação com o público do Rio”, completou.

Na visão do pesquisador e jornalista especializado em cinema, Carlos Alberto Mattos, o visitante poderá explorar aspectos importantes do cinema de Coutinho nos vários módulos da exposição. “A potência da fala nos seus filmes baseados em conversas, por exemplo, ou o efeito da câmera sobre certos personagens. Ou ainda o permanente jogo entre verdade e representação na performance de quem se sentava diante dele numa filmagem”, observou.

Segundo Mattos, trechos selecionados de filmes e depoimentos do cineasta expostos na mostra jogam luz em suas marcas inconfundíveis no cinema brasileiro dos anos de 1960 até a atualidade. “Algumas singularidades são destacadas, como os momentos de crise nas conversas entabuladas diante da câmera, a apresentação dos dispositivos de filmagem em cada documentário e as célebres performances musicais de seus personagens”, disse.

Na abertura da Ocupação haverá um debate online pelo YouTube sobre o filme Últimas Conversas, que não chegou a ser concluído por causa da morte de Coutinho, mas foi finalizado pela montadora Jordana Berg e o cineasta João Moreira Salles. O filme está disponível no site do IMS.

A Ocupação Eduardo Coutinho é a 47ª do projeto desenvolvido pelo Itau Cultural que destaca personalidades da arte com representatividade para influenciar outros profissionais e impactar o público. “O projeto tem como pressuposto mergulhar no processo criativo do artista”, disse Tatiana Prado.

Serviços

Os ingressos são gratuitos, mas é preciso fazer um agendamento. O tempo máximo de permanência na casa é de uma hora, o mesmo tempo em que o visitante pode ficar nos jardins. O horário é de terça a sexta-feira das 12h30 às 16h30. Nos sábados e domingos, das 10h às 14h e feriados (exceto segundas), das 10h às 14h.

Para visitar a exposição, é necessário agendar previamente no site: imsrio.byinti.com. Também é obrigatório o uso de máscaras, entre outras medidas recomendadas pelas autoridades para a prevenção da Covid-19.