Faleceu no Rio de Janeiro, na madrugada de hoje (4), em casa, aos 84 anos de idade, o cirurgião oncológico Marcos Fernando de Oliveira Moraes, que foi diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) entre abril de 1990 e setembro de 1998. 

No Inca, Moraes desenvolveu o programa de controle do tabagismo, cujos resultados colocaram o Brasil como referência em todo o mundo. Moraes obteve reconhecimento nacional e internacional, o que levou o Inca a ser o representante oficial do Brasil na Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Programa Tabaco ou Saúde, tendo contribuído para que o número de fumantes no Brasil caísse 40%.

Foi responsável também, em 1997, pelo Programa de Combate ao Câncer no país, graças ao qual o Inca passou a ser um departamento do Ministério da Saúde e a orientar a política de câncer no Brasil.

Durante sua gestão, foram incorporados ao Inca o Hospital de Oncologia (do ex-Inamps), o Hospital Luíza Gomes de Lemos (da Associação das Pioneiras Sociais) e o Pro-Onco (da Campanha Nacional de Combate ao Câncer), além da criação da Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle do Câncer (Fundação do Câncer) para apoiar financeiramente o instituto.

Liderança

Moraes foi também presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM) em duas gestões: entre 2007 e 2009 e de 2011 a 2013. O atual titular da casa, Rubens Belfort Jr., salientou que Marcos Fernando de Oliveira Moraes “nos deixa em um momento crucial da saúde pública brasileira e mundial. Com certeza, teria muito a nos ensinar para além da pandemia”.

Na avaliação do presidente da ANM, Marcos Moraes foi mais do que médico, mais do que cirurgião e mais do que cientista. “Foi um dos maiores líderes brasileiros no combate ao câncer e ao tabagismo. Em sua trajetória de vida, construiu instituições e formou o melhor de uma geração de médicos no país. Na Academia Nacional de Medicina, exerceu grande influência e, por duas vezes presidente, deixou marcas indeléveis em sua história”.

Marcos Moraes nasceu na cidade de Palmeiras dos Índios, em Alagoas, em 10 de agosto de 1936. Aos 12 anos, saiu do agreste alagoano para morar no Rio de Janeiro, onde se formou em medicina na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Recebeu o título de Professor ‘Honoris Causa’ da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A causa da morte de Marcos Moraes foi uma parada cardiorrespiratória. O médico deixa dois filhos, um neto e uma neta.