O Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, região portuária da capital carioca, reabriu hoje (22) para visitação do público com as exposições Casa Carioca e Aline Motta: memória, viagem e água. Está permitida a presença de 60 pessoas a cada duas horas.
Para evitar aglomeração, o museu manterá o limite de visitantes abaixo da sua capacidade e irá seguir os protocolos sanitários de combate à covid 19, conforme determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), como obrigatoriedade do uso de máscaras durante toda a permanência no museu. As áreas coletivas do MAR, como o terraço, que antes da pandemia era muito procurado, permanecerão fechados.
Os ingressos gratuitos são adquiridos apenas por meio de agendamento no site e o museu definiu três horários para a visitação que poderá ser feita até sábado (26): 10h, 14h e 16h. “O agendamento pelo site evita também o contato a impressão dos bilhetes para não ter uma forma de transmissão do vírus. É só acessar o site e escolher o horário. As entradas não são pagas porque o museu se mantém com portas fechadas e sem contato com outras áreas”, comentou o curador-chefe do MAR, Marcelo Campos, em entrevista à Agência Brasil.
Campos disse que embora tenha a expectativa de receber um bom público, parte da frequência que o museu costumava receber não deve ocorrer, por causa dos protocolos que precisam ser seguidos. “É possível que a gente não consiga o público mais de transeuntes, aquelas pessoas que estão passando na rua e resolvem entrar. Acho que a diferença é o planejamento para chegar ao museu e não alguma coisa mais espontânea como ocorria com o museu. Isso também vai impactar a presença dos grupos. É diferente daqueles que estão almoçando na Praça Mauá e resolvem entrar no Museu, mas a gente tem recebido respostas de pessoas comovidas com a reabertura do museu”, contou.
A reabertura faz parte de ações programadas que o museu organizou para este período de pandemia. Segundo o curador, mesmo fechado ao público externo, o espaço cultural continuou funcionando internamente e interagiu com quem buscou as suas redes sociais. Além disso, a Escola do Olhar continuou funcionando com a formação de professores com aulas virtuais. Marcelo Campos disse que as duas exposições já estavam previstas no plano anual do MAR.
“Eram exposições que iam acontecer de qualquer modo. Quando a pandemia chegou a Aline Motta já estava sendo construída e a Casa Carioca já estava com a pesquisa bastante avançada. O Museu resolveu permanecer com a fase de produção de obras com uma programação online. A Casa Carioca teve lives com a curadoria, teve depoimentos de artistas participantes, então, houve uma ativação nas redes do museu, enquanto isso a gente ia produzindo a exposição para que pudesse ficar pronta a tempo de ser inaugurada em 2020. Na verdade foi uma continuidade do plano anual”, revelou.
Se essas exposições puderam ser produzidas, a pandemia não permitiu que outras duas, também incluídas na programação, fossem realizadas. Ainda assim, o curador espera que até o fim do ano, mais duas exposições do planejamento de 2020 também sejam abertas. Se isso ocorrer, vão funcionar em paralelo com a Casa Carioca e a Aline Motta: memória, viagem e água. “Elas não foram canceladas, foram apenas adiadas”, completou, acrescentando que de início só há previsão de receber o público nesta semana, mas o museu já trabalha com a possibilidade de abrir outros períodos, ainda que não haja data definida.
Casa Carioca
A exposição Casa Carioca apresenta temas como sociabilidade, o papel da mulher como esteio de família e direito à moradia, com cerca de 600 obras e mais de 100 artistas. Uma montagem de trabalhos que retratam o período de isolamento social, assinada por Marcelo Campos e pela arquiteta, urbanista e ativista do movimento feminista negro, Joice Berth, também faz parte da mostra, que tem a mineradora Vale como patrocinadora, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A Casa Carioca, que ocupará duas galerias do terceiro andar do MAR, além da Sala de Encontro localizada no térreo, é a exposição do MAR com maior número de artistas jovens e periféricos com trabalhos nos mais diversos suportes, como vídeos, objetos, instalações, fotografias e pinturas. A mostra conta também com trabalhos de artistas consagrados, como Adriana Varejão, Alfredo Volpi, André Rebouças, Beatriz Milhazes, Cícero Dias e Mestre Valentim.
Aline Motta
Já a exposição individual da artista fluminense Aline Motta: memória, viagem e água, que é inédita no Rio de Janeiro, leva o público a um mergulho na história de sua família, por meio de montagem imersiva que apresenta uma trilogia de videoinstalações de forma sequencial e dinâmica. A mostra foi instalada em uma galeria do 1º andar do pavilhão de exposições. Os trabalhos Pontes sobre abismos (2017), Se o mar tivesse varandas (2017) e Outros fundamentos (2019) foram produzidos após a artista descobrir um segredo de família contado pela avó Doralice: sua bisavó era escrava e havia engravidado após ser abusada por seu dono. Após a revelação, Aline começou uma busca por suas raízes em lugares distantes entre si, como Serra Leoa, Nigéria, Portugal e Brasil, mas aproximados pelo Oceano Atlântico.