Festas de fim de ano, 13° salário na conta, bônus, férias e atenção redobrada. A correria para as compras de Natal e a maior quantidade de dinheiro circulando pelo Distrito Federal pode ser uma mistura perigosa. Se não tomados os devidos cuidados, o cenário de festa pode se tornar propício para assaltos, furtos e golpes. A arquiteta Alessandra Moraes, 29 anos, sabe bem disso. Ela foi assaltada dias antes do Natal de 2017 , quando teve todos os presentes roubados. “Eu estava com uma amiga na parada de ônibus, esperando o meu pai vir me buscar. Estava cheia de sacolas com tudo o que eu tinha ganhado das minhas clientes. Tinha panetone, roupa, sapato…”, lembra. Bastou alguns minutos para os bandidos considerá-las alvo fácil. “Eles estavam um pouco longe. Em princípio, eu não imaginei que eles fossem assaltar a gente. Estávamos distraídas, e eles aproveitaram”, lembrou a jovem.
Depois disso, Alessandra evita ficar em pontos de ônibus por muito tempo e se mostra sempre atenta em relação a quem está por perto. “Eu não ando mais com carteira, apenas com os documentos. Evito também ficar mexendo no celular ou me distrair. Estou bem mais cautelosa, principalmente agora no fim do ano. Com o pagamento de 13°, sinto que essas coisas acontecem com mais frequência”, comentou.
Para reforçar a segurança, a Secretaria de Segurança Pública preparara série de ações preventivas até fim do ano. A Polícia Militar lançou o programa Policiamento de Intensificação de Natal (PIN). O objetivo é coibir a prática de crimes contra a pessoa e contra o patrimônio nos centros comerciais. Serão cerca de 750 policiais por dia. No fim de semana, o patrulhamento será reforçado com 1,5 mil militares nas ruas. O patrulhamento especial segue até 10 de janeiro. A Polícia Civil também preparou iniciativas específicas para a data, como a Operação Natal Seguro. As ações serão realizadas aos fins de semana, entre sexta-feira e domingo, com a participação de 270 agentes.
Para o especialista em segurança pública e privada Leonardo Sant’Anna, da Total Florida International, entre os crimes mais comuns nesta época do ano estão os assaltos nas saídas de bancos e as fraudes bancárias, como o golpe do chupa-cabra. “Um ponto importante é evitar ficar sacando dinheiro. Assim, você vira vítima de saidinha de banco. A melhor maneira é usar os aplicativos. Todas as instituições bancárias oferecem plataformas digitais seguras para que o cliente não precise ir às agências”, afirmou.
Sant’Anna também alerta sobre os golpes no comércio, que levam à clonagem de cartões. “Tem gente que fica por aí com maquininha oferecendo produtos mais baratos. Muitas vezes, essas máquinas estão acopladas até mesmo ao celular. E, em vez de a pessoa comprar em um estabelecimento comercial seguro, passa o cartão na rua. Isso é muito perigoso”, explicou. Em relação às compras on-line, o ideal é comprar apenas em sites seguros. Uma dica é observar se a página eletrônica tem um “s” depois do “http”, no início da barra do endereço do navegador.
Residências
Em mês de férias e festas, as residências vazias tornam-se alvo fácil para os bandidos. As portas da casa da auxiliar administrativa Vanessa Martins, 25, ganharam grades após um arrombamento na semana do Natal de 2008. Mesmo anos após o crime, a família fica atenta. “Foram dois dias depois do Natal. Eu fui passar o feriado na casa da minha tia e fiquei uns dias lá. A minha mãe saiu, e o meu pai foi levar o cachorro ao veterinário. Ele ficou cerca de 2 horas fora e, quando voltou, a porta estava arrombada”, lamentou.
O furto foi à luz do dia, entre as 15h e as 17h. Os bandidos não levaram muita coisa, mas furtaram o computador. “A gente não tinha muitos objetos de valor. O computador era algo fácil e caro; então, eles levaram. Tínhamos também a tevê, mas era antiga”, disse.
Para evitar roubos a residências, Leonardo Sant’Anna aconselha o uso de tecnologias e do apoio de vizinhos. Sistemas de sensores de movimento conectados ao celular e câmeras são alternativas. “Atualmente, temos sistemas de segurança baratos que são bem eficazes”, destacou o especialista. Uma dica é conversar com um vizinho de confiança e conectar os avisos desses sistemas no celular dele, para ele ajudar na vigilância da casa.
Outro risco em evidência é o furto no interior de veículos. Sacolas à mostra podem atrair os bandidos. “Talvez seja o maior dos riscos. Isso torna o cidadão alvo certo, uma vez que aqueles produtos indicam que você é uma fonte de valor”, ressaltou Sant’Anna. A dica é usar estacionamentos pagos, colocar películas mais escuras e levar os pertences para o veículo apenas na hora de ir para casa.
Mais dinheiro
O pagamento do 13° salário deve injetar R$ 7,6 bilhões na economia do Distrito Federal, segundo o Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista). A previsão é de que cerca de 40% do recurso seja destinado ao pagamento de dívidas.
Informações do Jornal Correio Braziliense