Quer ser um militar? Veja como são os concursos das Forças Armadas

Estabilidade financeira, possibilidade de viver no exterior e formação continuada são alguns dos atrativos da carreira

(foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Alguns anos antes de sua eleição, a figura de Jair Bolsonaro – entre frases de efeito e acenos ao militarismo – gerou curiosidade por parte da população. Com a faixa presidencial no peito e 22 ministros empossados, o interesse aumenta: afinal, qual é a formação dos sete militares no primeiro escalão do governo federal?

Segundo professores de cursos preparatórios para concursos de carreira militar, a figura do capitão do Exército que se tornou presidente pelo voto popular renovou a perspectiva de muitos brasileiros sobre as Forças Armadas.

“Com o Bolsonaro na mídia, as pessoas voltaram a se interessar pelos militares, começaram a ver que a formação desse profissional é extensa. Ninguém vira coronel de uma hora para outra. O presidente colocou em voga as qualidades desses profissionais”, comenta Glauco Leyser, professor de física e dono de cursinho que leva seu nome.

De fato, a opção pela vida militar tem, entre outras prerrogativas, a formação continuada. Todo concursado passa por um curso ao entrar nas forças armadas, que pode durar de nove meses a cinco anos, a depender do certame. Depois disso, ao longo dos 30 anos de cada carreira nas Forças Armadas, o servidor é encorajado a procurar conhecimento: desde aulas de paraquedismo à imersão em algum idioma. As adições ao currículo, associadas ao tempo de serviço, contam na hora de obter patentes superiores.

Os concursos de maior prestígio das Forças Armadas são os de oficiais: a Escola Naval, na Marinha; a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Exército – pela qual o presidente e seu vice, o general Hamilton Mourão, passaram –; e a Academia da Força Aérea (AFA), na Aeronáutica. Para participar, é preciso ter concluído o ensino médio e ter entre 18 e 22 anos. Esses certames funcionam como verdadeiros vestibulares, ou seja, aprovados, os jovens aspirantes e guardas-marinha passam por cinco anos de curso nessas escolas e dali saem com o equivalente ao ensino superior no currículo.

A carreira de oficiais é a única que permite ao servidor chegar aos mais altos postos nas instituições: almirante de esquadra (Marinha), general de exército ou tenente-brigadeiro (Aeronáutica). Até 2015, não era permitido às mulheres fazerem o concurso da Aman. No ano seguinte, foi constituída a primeira turma mista de jovens oficiais, que vão se formar em 2021 – a instituição reserva 400 vagas para homens e 40 para mulheres. Em três décadas, o Brasil poderá ter suas primeiras generais de exército do sexo feminino.

Embora a descrição mais simplificada dos concursos para o oficialato das Forças Armadas seja a de um vestibular, os certames são diferentes. O candidato deve ter noções sólidas de matemática, física, química, português, história, geografia, inglês e redigir uma redação. Além disso, deve fazer uma prova física, determinada por edital. Segundo Leyser, é raríssimo passar de primeira: geralmente, são precisas duas ou três tentativas.

“Os alunos que procuram esses concursos são meninos determinados, disciplinados, com alto padrão intelectual. São pessoas cuja vocação é a carreira militar, e é preciso ser determinado para conseguir”, descreve o professor.

Outra forma de ingresso na Escola Naval e na AFA é estudar no ensino médio da Marinha e da Aeronáutica: adolescentes de 14 anos podem fazer os concursos do Colégio Naval de Angra dos Reis (RJ) ou da Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica. Concluída a etapa de ensino, o jovem pode decidir entrar na carreira de oficial sem precisar passar por outro certame.

Outras carreiras
Nem só do oficialato se fazem as Forças Armadas. As instituições ainda abrigam outras carreiras, como as dos quadros auxiliares das instituições. Para esses concursos, o candidato deve ter até 36 anos e curso superior em veterinária, direito, enfermagem, informática, administração, psicologia, contabilidade, assistência social, fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, terapia ocupacional e comunicação social.

ITA e IME
Ainda é possível se tornar militar de carreira no concurso de praças. O certame é de nível médio e os aprovados passam por um curso de dois anos, equivalente ao de tecnólogo. A carreira começa no cargo de cabo e o concursado pode ir a suboficial, na Marinha e na Aeronáutica, e a subtenente no Exército. A depender da idade do servidor, ele ainda pode tentar se engajar no concurso de oficiais, um certame interno que permite a mudança de carreira.

Outra forma de ingresso nas Forças Armadas é por vestibulares mais próximos dos tradicionais: o Instituto Militar de Engenharia (IME), do Exército, e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica oferecem cursos de cinco anos em diversas áreas da engenharia. A conclusão da graduação vem com uma escolha para o formando, que pode seguir na vida civil ou tornar-se militar.

Se o graduado fizer a opção pela vida militar, começa a carreira como 1º tenente e pode chegar aos cargos mais altos das Forças, ou seja, general de exército ou tenente-brigadeiro.

Informações do Portal Metrópoles