Eu havia feito uma promessa de não escrever sobre esse assunto. Mas me perguntam tanto qual minha opinião? Resolvi quebrar a promessa e me manifestar. Então vamos lá. Não fico chocado com a morte de policiais. Pois isso, faz parte do trabalho e da profissão escolhida espontaneamente por nós.
Eu fico é chocado com a morte de 10 a 15 pessoas todo final de semana em Brasília. Mas somente daqueles que não possuem envolvimento com a criminalidade. Mas sim, aqueles que saem para se divertir e não voltam. Como por exemplo, a morte de cobradores e demais trabalhadores. Isso sim me choca.
Qual o problema para isto estar acontecendo no DF e quais as soluções possíveis? Em primeiro lugar é preciso entender, o porquê da criminalidade crescer tanto na nossa capital. Fatores como as drogas, falta de emprego e outros são uma das causas.
Mas o maior problema é que estamos na segunda ou terceira geração de criminosos. Raciocinem Brasília tem 54 anos. Os primeiros criminosos eram de lugares diferentes do país. Eles foram criados juntos e conhecem o local com a palma da mão. Portanto, são mais ousados, e o maior problema: a Policia Militar perdeu completamente, a capacidade de proteção à população.
Deixamos de ser uma polícia preventiva para ser uma polícia de socorro. Não existem planejamentos de contenção da criminalidade. Os policiais militares estão envelhecidos com mais de 60% do efetivo acima dos 20 anos de serviço.
Operações, tais como a operação aeroporto, mini pontos de bloqueio, anel maior, anel menor não são mais executadas. A polícia deve ser hoje preventiva e repressiva ao mesmo tempo.
Não adianta somente saturar uma área com viaturas, pois, os bandidos irão assaltar na quadra ao lado. Ao contrário de que algumas pessoas falam, o serviço de Policia Militar é amparado em cinco base: inteligência, comunicações, recursos humanos, logística e informática.
As autoridades de segurança pública devem com urgência providenciar um choque de gestão no planejamento operacional preventivo da PMDF. Refazer as linhas que dividem as áreas de responsabilidades das UPMS.
Utilizar o geoprocessamento diariamente para mapear a criminalidade, redistribuir recursos humanos e meios rodantes e acima de tudo chamar a tropa para conversar. Pois nenhuma empresa do mundo seja ela pública ou privada prospera sem que seu público interno esteja satisfeito.
Pronto falei!
*Jorge Damasceno é Coronel da reserva da Polícia Militar do DF (PMDF)
Fonte: http://www.radiocorredor.com.br/2015/01/desabafo-de-um-coronel_31.html