Durante o ano de 2022, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) recebeu 15.810 ligações de falsas emergências. Esse é o menor número relativo a trotes nos últimos quatro anos. Segundo os dados do órgão, em 2021, foram registradas 26.443 ligações, enquanto em 2020 e 2019 os números foram de 51.744 e 68.002, respectivamente.
“A gente consegue entender de várias maneiras a contribuição para a diminuição do trote. A divulgação nas mídias, que fazem um processo de fixação e atualização contínua da população. Assim como projetos como o Samuzinho, onde explicamos as nossas ações nas escolas, e atividades em locais públicos”, afirma o diretor do Samu, Victor Arimatea.
O diretor do Samu também diz que o órgão percebeu a redução nas falsas emergências, principalmente, no período da pandemia de covid-19. “Teve uma redução significativa. Acredito que porque a saúde e o Samu estavam na mídia. Trouxe esse alerta e o estado de conscientização da importância da saúde. Mas é claro que o trote ideal é o zero”, defende.
“Existe um protocolo e uma nota técnica, além do aprendizado. Por isso, eles (técnicos auxiliares) já conseguem identificar o trote e impedir que cheguem até a mesa do médico regulador e até o atendimento avançado nas ruas”
Victor Arimatea, diretor do Samu
Prejuízo aos atendimentos
Apesar da redução dos casos, as falsas emergências ainda são uma realidade na central de atendimento do 192. Os operadores são treinados e, com a experiência, também passam a perceber os indícios de um trote. Porém, as ligações desnecessárias congestionam as linhas e impedem o atendimento rápido a casos de real urgência.
“Existe um treinamento para cada um dos postos da central de regulação. O posto dos técnicos auxiliares de regulação médica é onde param a maior parte dos trotes, diria que 99%. Existe um protocolo e uma nota técnica, além do aprendizado. Por isso, eles já conseguem identificar o trote e impedir que chegue até a mesa do médico regulador e até o atendimento avançado nas ruas”, explica Arimatea.
No caso dos telefonemas falsos que acabam passando do primeiro filtro de atendimento na central, o prejuízo é ainda maior. “Quando acontece de ir uma viatura, é o que mais impacta. Temos uma demanda reprimida e precisamos utilizar os recursos de forma consciente. Quando acontece, é muito danoso. Porque a gente entende que um caso que precisa vai ficar sem uma viatura disponível”, diz o diretor do Samu.
“Todo trote em si prejudica o sistema. Se tenho a linha congestionada, uma quantidade de ligações não puderam ser atendidas e temos que atender. O trote em qualquer nível vai ter impacto porque afeta o atendimento de uma pessoa com urgência”, complementa.