No Distrito Federal, o atendimento educacional especializado para estudantes com altas habilidades e superdotação (AH/SD) é uma prática consolidada desde 1976. Ao longo de quase cinco décadas, o DF tem sido um verdadeiro celeiro de profissionais dedicados, que oferecem suporte pedagógico e emocional não apenas aos estudantes, mas também às famílias. Atualmente, cerca de 2.000 estudantes com AH/SD são atendidos no DF por profissionais especializados.
Em reconhecimento à importância desses profissionais e buscando dar visibilidade a essa atividade tão importante foi instituído no Distrito Federal, por meio da Lei nº 6.919/2021, o Dia do Profissional de Altas Habilidades/Superdotação.
De maneira geral, a primeira coisa que se pensa quando se fala em altas habilidades ou superdotação é o estereótipo de uma pessoa genial, com feitos intelectuais notáveis. Contudo, as questões socioemocionais são tão importantes de serem trabalhadas quanto promover o avanço cognitivo, pois ajudam a garantir que o estudante se desenvolva de forma equilibrada e saudável. Por isso, o papel da família, da escola e dos profissionais da educação é fundamental para o pleno desenvolvimento desses alunos.
“É esse profissional, com seu contato diário com os alunos, que pode perceber os primeiros sinais de um potencial elevado e iniciar o processo de identificação. Muitos estudantes com Altas Habilidades/Superdotação não são encaminhados para os programas adequados e, em alguns casos, são erroneamente vistos como ‘estudantes problemáticos’”
Saron Gomes Batista, professora itinerante no AEE
Para reforçar esse atendimento, em 2005, a Secretaria de Educação do DF (SEE-DF) criou os Núcleos de Altas Habilidades, chamados de ‘salas de recursos’, que são espaços pedagógicos conduzidos por equipes especializadas compostas por professores das áreas específicas, além de pedagogos, psicólogos e professores itinerantes que atendem estudantes com AH/SD de 4 a 17 anos das unidades públicas e da rede privada. Neste espaço, 70% das vagas são destinadas para a rede pública e 30% para as escolas particulares. As atividades ocorrem uma vez por semana, no contraturno escolar.
O professor itinerante desempenha um papel crucial na articulação entre a área de superdotação e as várias instâncias educacionais, como a diretoria de educação especial, as salas de recursos, as escolas, as famílias e as coordenações regionais de ensino. Além de oferecer suporte pedagógico e administrativo, esse profissional coleta dados, encaminha estudantes, orienta famílias e professores, participa de estudos de caso e busca continuamente alternativas para melhorar a qualidade do atendimento.
Saron Gomes Batista é professora itinerante no Atendimento Educacional Especializado (AEE) da SEE-DF há 26 anos, onde acompanhou de perto o desenvolvimento de diversos estudantes com AH/SD. Hoje, ela atua nas salas de recursos de Ceilândia. Para a professora, uma das tarefas mais importantes e de extrema responsabilidade é a identificação de estudantes com AH/SD, na qual o papel do professor é central.
“É esse profissional, com seu contato diário com os alunos, que pode perceber os primeiros sinais de um potencial elevado e iniciar o processo de identificação. Muitos estudantes com altas habilidades/ superdotação não são encaminhados para os programas adequados e, em alguns casos, são erroneamente vistos como ‘estudantes problemáticos’”, afirma.
Atualmente, a rede pública do DF possui 46 salas de recurso específicas de AH/SD, com 92 turmas. Essas salas estão organizadas em 28 escolas polos, distribuídas em 14 coordenações regionais de ensino do DF: Brazlândia, Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho e Taguatinga.
A professora itinerante Gizelle Pires Ferreira Mendes também é uma das nove profissionais que atuam no polo localizado na Escola Classe 64 de Ceilândia. Para ela, um desafio significativo é a sensibilização e capacitação de toda a comunidade escolar. Muitos ainda não compreendem a importância de um atendimento especializado e acabam tratando esses alunos de forma homogênea, sem levar em conta suas especificidades. Isso pode gerar desmotivação e até frustração nos estudantes com AH/SD, que se sentem subaproveitados em suas capacidades.
A importância do profissional de altas habilidades/ superdotação na rede pública é indiscutível. Ele não só contribui para o sucesso acadêmico dos estudantes, mas também para sua formação integral, preparando-os para enfrentar os desafios da vida de forma segura e consciente de suas capacidades. O reconhecimento e valorização desse profissional são essenciais para que a educação pública possa oferecer um ensino de qualidade, inclusivo e equitativo para todos os estudantes.
*Com informações da SEE-DF
Fonte: Agência Brasília