Neste ano, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES) completa 30 anos de produção ininterrupta do guaco com finalidades medicinais. Originária da Mata Atlântica brasileira, a planta é utilizada para tratamento de doenças respiratórias devido à sua ação expectorante.

O guaco cultivado na rede pública de saúde do DF se destaca pela qualidade, uma vez que a espécie plantada pela SES é superior à comumente utilizada na indústria. “O guaco com que trabalhamos na Farmácia Viva é a [da espécie] Mikania laevigata, que estudos demonstram ser sete vezes superior à Mikania glomerata, muito usada na indústria”, explica a chefe da Farmácia Viva de Planaltina, Isabele de Aguiar.

A produção do medicamento atende a 20 unidades básicas de saúde (UBSs) da região, com alta demanda

Lá, o cultivo da planta é realizado em parceria com pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que auxiliam nos cuidados diários ou na triagem das plantas medicinais. Além disso, parte do cultivo também é realizado por alunos do Instituto Federal de Brasília (IFB) no campus de Planaltina.

Neste ano, o centro já produziu 3.737 frascos de xaropes e entregou 307 pacotes da planta in natura para uso na forma de preparações caseiras. A produção do medicamento atende a 20 unidades básicas de saúde (UBSs) da região, com alta demanda.

Produção

Com boa adaptação ao clima do Cerrado, tanto em dias de muito calor quanto de chuva, as folhas são cultivadas com facilidade no DF. São necessários dez dias, em média, para a produção do xarope, sendo a maior parte do período destinada para a colheita e secagem das folhas, processo que leva de seis a sete dias. A produção do xarope em si demanda três dias.

“Quanto menor o tempo entre a colheita e o produto final, maior a qualidade e a eficácia do produto, porque você tem um menor tempo de acondicionamento do insumo farmacêutico ativo”, explica o chefe do Núcleo de Farmácia Viva (localizado no Riacho Fundo), Nilton Luz.

Na região, o guaco é cultivado na área reservada para plantas medicinais, anexa ao Núcleo de Farmácia Viva e, principalmente, na fazenda-modelo do Complexo Penitenciário da Papuda, pertencente à Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap). Por meio do convênio com a Funap, mais de 325 quilos de guaco foram colhidos na fazenda, cuidada pelos próprios sentenciados.

Para o farmacêutico da SES-DF, a produção do fitoterápico pelos reeducandos demonstra a importância da matéria prima, não somente para a saúde, mas para o aspecto socioambiental e educativo. “A maioria da nossa área de produção é na Funap. Os sentenciados, além de participarem do início do processo de plantio, aprendem sobre o uso da planta e diminuem o tempo de pena”, explica.

De acordo com dados do Núcleo de Farmácia Viva da região, de 2000 a 2023, foram produzidas 211.738 unidades do xarope de guaco, e o ano passado registrou a maior produção dos últimos três anos, com 16.807 frascos.

Em 2024, já foram produzidos 13 lotes do xarope, com a última safra colhida no início deste mês, totalizando 5.332 frascos distribuídos. Enquanto isso, de 1º de janeiro de 1994 até 1º de janeiro deste ano, foram produzidas e distribuídas mais de 40 mil unidades do chá medicinal.

Orientações

Para ter acesso ao guaco, é necessária a apresentação do Cartão Nacional de Saúde (CNS) e de uma receita em duas vias nas farmácias das unidades básicas de saúde (UBSs) cadastradas (confira a lista aqui). Atualmente, médicos, odontólogos, farmacêuticos e enfermeiros têm prescrito o uso do guaco com fins medicinais.

Antes de usar o xarope, deve-se agitar o frasco e observar a medida correta, conforme descrito no rótulo, utilizando e lavando o dosador após o uso. O xarope de guaco deve ser armazenado em um local protegido da luz e da umidade. Além disso, após o tratamento, o líquido restante deve ser descartado. Por ser um produto natural, após aberto, pode perder a eficácia se armazenado por muito tempo.

Fonte: Agência Brasília