Quando foi fechado em 2014, o Teatro Nacional Claudio Santoro descumpria mais de 100 normas de segurança e combate a incêndio. Uma das irregularidades constatada pelos órgãos fiscalizadores foi a presença de materiais inflamáveis, entre eles, a mesma espuma tóxica presente no teto e no revestimento da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), que pegou fogo em janeiro de 2013 e resultou na morte de 242 pessoas.

“O Ministério Público estava muito preocupado, porque os mesmos revestimentos da Boate Kiss estavam no Teatro Nacional. Isso fazia com que as pessoas estivessem correndo risco se houvesse algum sinistro, porque o que se descobriu nesses incidentes, tanto da Boate Kiss como em outra boate em Buenos Aires, é que a aglomeração de produtos inflamáveis, com o fogo, soltam uma chama tóxica”, lembra a diretora executiva da Solé Associados, empresa responsável pelo projeto, Antonela Solé.

Dentro da Sala Martins Pena, que está em obras, a preocupação ficou por conta do carpete, das poltronas e das cortinas, que continham itens inflamáveis e tóxicos na composição. Todos precisaram ser substituídos por alternativas antichamas, que retardam a disseminação de fogo em caso de incêndio. Também foi instalada uma cortina d’água para contenção das chamas e sensores de fumaça.

“As poltronas precisaram ser trocadas por havia dentro delas, em sua composição, uma espuma altamente inflamável e tóxica. Então qualquer princípio de incêndio poderia gerar um acidente muito grande”, revela o subsecretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Felipe Ramón.

Para além da instalação de itens antichamas, o restauro do teatro cumpriu outras normas de segurança contra incêndio, como a criação de duas saídas de emergência e a construção de um reservatório com capacidade para 350 mil litros de água, de uma escada pressurizada e salas de exaustão de ar.

Obra

O Teatro Nacional Claudio Santoro foi fechado em 2014 após descumprir normas do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CMBDF) e do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT). Na época, foram enumeradas mais de 100 irregularidades.

A obra de restauração teve início pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em dezembro de 2022 pela Sala Martins Pena e seu respectivo foyer. A viabilidade da reforma só ocorreu depois que este GDF decidiu fracionar o projeto em quatro etapas.

Com investimento de R$ 70 milhões por meio da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), a primeira etapa consiste na adequação da infraestrutura para as diretrizes atuais, bem como a recuperação de uma das salas. As demais vão se concentrar nos outros espaços: as salas Villa-Lobos e Nepomuceno, o espaço Dercy e o anexo.

Fonte: Agência Brasília