O general Carlos José Russo Assumpção Penteado foi ouvido nesta segunda-feira (04) pela CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Distrital. Penteado era secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) em 08 de janeiro, dia dos ataques. 
Ele já pertencia ao GSI na gestão anterior, do General Heleno, e foi mantido no atual governo sob comando do general Gonçalves Dias. À comissão, Penteado declarou que não recebeu nenhum alerta de segurança emitido pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e que essa “falha de comunicação” teria sido responsável pela invasão e depredação do Palácio do Planalto.

“Todas as ações do GSI no dia 08 estão diretamente relacionadas à retenção, pelo ministro Gonçalves Dias, dos alertas produzidos pela ABIN, que não foram disponibilizados oportunamente”, declarou Penteado.

Ele reafirmou, durante todo o depoimento, que houve um represamento da comunicação por parte do então ministro G. Dias. “Se a coordenação de análise de risco tivesse tido acesso ao teor dos alertas encaminhados ao ministro G. Dias pelo diretor da ABIN, Saulo Moura, teríamos impedido a invasão do Palácio do Planalto”, concluiu.

Os distritais questionaram Penteado sobre a ineficácia do “plano escudo” frente à invasão. Penteado explicou que o plano, que serve para a defesa do Palácio Presidencial, é uma ação preventiva e que não foi dimensionado à quantidade de manifestantes, novamente, pela falta de informações repassadas.

“A partir do momento que eles rompem [as barreiras da polícia], não se fala mais em plano escudo, não há mais prevenção, tivemos que começar uma retomada do prédio”, afirmou. 

Penteado se negou a comentar a fala do General G. Dias, em depoimento à CPI em junho, afirmando que não o nomearia novamente a fazer parte da equipe do GSI.
 

Acampamentos

Sobre os acampamentos de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro instalados na frente do quartel-general do exército em Brasília, o general declarou que não era atribuição do GSI realizar o monitoramento e nem a análise sobre o risco potencial do que ocorria lá.

Além disso, Penteado respondeu ao presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), que “não tinha informações de que os acampados estariam planejando um golpe”.

Convicções políticas

Questionado por Vigilante, o depoente negou que tenha agido sob influência de qualquer convicção política e contou que já trabalhou para 11 presidentes. “Sirvo ao Estado, não a presidente”, declarou. Ele negou também que tenha havido qualquer facilitação para a entrada dos invasores por qualquer membro do GSI.
 

 

Fábio Félix (PSOL), no entanto, relembrou postagens de cunho político que Penteado fez em suas redes sociais. Num post, Penteado compartilha uma fala supostamente atribuída ao ex-presidente João Figueiredo criticando o Partido dos Trabalhadores (PT). Ele compartilhou ainda uma publicação do General Villas Bôas com críticas à esquerda.

Ainda assim, Penteado reafirmou que jamais misturou suas convicções políticas com sua atuação no GSI. “Essas publicações são de 2018. Não tínhamos uma portaria que regulava as redes sociais. Tudo que foi feito no GSI enquanto eu estava lá foi em defesa do Estado”, defendeu-se.
 

Distritais dizem que General Gonçalves Dias “mentiu”

O deputado Joaquim Roriz Neto (PL) criticou duramente a postura do general Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI, com relação às ações do 08/01. O distrital leu manchetes de notícias relacionadas a depoimentos de G. Dias afirmando que ele “mentiu por diversas vezes”.

Thiago Manzoni (PL) também criticou o depoimento de G. Dias à CLDF em 22/06, afirmando que o que ele havia dito contraria tudo o que foi verificado em outras oitivas, inclusive a do General Penteado. “Ele [G. Dias] mentiu para nós de forma descarada”, afirmou Manzoni.

Os distritais alegaram que General G. Dias teria sido omisso no combate às invasões pois ele tinha conhecimento dos relatórios da ABIN e não agiu para impedir os ataques. Os deputados criticaram também o fato de G. Dias, no depoimento prestado em junho, não ter assumido a culpa pelos erros que desencadearam a invasão do Palácio do Planalto.

A CPI se reúne novamente na próxima semana. Acompanhe o calendário das oitivas para setembro e outubro: 

– 14/09: Walter Delgatti Neto;
– 21/09: Coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra;
– 28/09: Ana Priscila Azevedo;
– 05/10: Major Cláudio Mendes dos Santos;
– 09/10: Major José Eduardo Natale de Paula Pereira;
– 19/10: Saulo Moura da Cunha e
– 26/10: Coronel Reginaldo Leitão.
 

Fonte: Agência CLDF