A Petrobras anunciou hoje (26) uma série de medidas para equilibrar o caixa da companhia em meio ao choque dos preços do barril petróleo e do impacto da pandemia de coronavírus no mercado internacional. Entre as ações, a estatal prevê a postergação de gastos com recursos humanos e a redução de US$ 3,5 bilhões em investimentos programados para 2020.
A queda na demanda por petróleo e derivados também fez a companhia reavaliar sua produção de óleo, que será reduzida em 100 mil barris por dia até o final de março, “em função da sobreoferta deste produto no mercado externo e pela redução da demanda mundial de petróleo causada pelo efeito do COVID-19”.
“Como resultado da redução abrupta dos preços e demanda de petróleo e combustíveis, a companhia está adotando uma série de medidas para redução de desembolso e preservação do caixa neste cenário de incertezas, a fim de reforçar sua solidez financeira e resiliência dos seus negócios”, diz o comunicado da estatal.
Os investimentos previstos para 2020 serão reduzidos de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões. O corte se dará, principalmente, com o adiamento de atividades exploratórias, interligação de poços e construção de instalações de produção e refino, além da desvalorização do real frente ao dólar.
Folha de pagamento
A estatal também decidiu reduzir ou adiar suas despesas com os trabalhadores em um total de R$ 2,4 bilhões, com medidas como o adiamento do pagamento do Programa de Prêmio e Performance 2019 e postergações de horas-extras. Serão cancelados os processos de avanço de nível e promoção para os empregados e funções gratificadas e também haverá redução de 50% no número de empregados de sobreaviso parcial nos próximos três meses, além da suspensão temporária de todos os treinamentos.
A Petrobras também vai adotar medidas previstas na Medida Provisória 927, como a postergação do pagamento de gratificação de férias e do recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Ainda no contexto das medidas de recursos humanos, a estatal anunciou a postergação do pagamento de 30% da remuneração mensal total do presidente, diretores, gerentes executivos e gerentes gerais.
Gastos operacionais
A redução de custos também se dará com a “aceleração da redução de gastos operacionais”, adicionando US$ 2 bilhões aos cortes previstos para 2020. As medidas nesse sentido incluem a hibernação de plataformas em operação em águas rasas, que têm custos mais elevados e passaram a ter fluxo de caixa negativo com a queda dos preços.
Novas contratações relevantes foram postergadas pelo prazo de 90 dias e haverá gastos menores com intervenções em poços e otimização da logística de produção.
Desembolsos
Será submetida à Assembleia Geral Ordinária da Petrobras a proposta de postergar para 15 de dezembro o pagamento de R$ 1,7 bilhão em dividendos, que foi anunciado em fevereiro com o resultado anual de 2019.
Outras medidas para equilibrar o caixa da empresa são o desembolso de linhas crédito compromissadas, no valor de 8 bilhões de dólares, e o desembolso de duas novas linhas que somam R$ 3,5 bilhões.
“Como resultado da implementação das medidas descritas, a companhia estima que equilibrará seu fluxo de caixa no ano de 2020”, avalia a direção da Petrobras.
Edição: Mario Toledo