Em mais uma eleição marcada por pré-candidatos conhecidos pelo eleitorado e abençoados por grandes estruturas partidárias, três nomes novos na política entram no tabuleiro pelo Governo do Distrito Federal (GDF). Pela primeira vez, estarão presentes nas urnas os nomes do general conservador liberal Paulo Chagas (PRP), a professora de esquerda Maria de Fátima (PSol) e o empresário de centro-direita Alexandre Guerra (Novo).
Apesar das posturas ideológicas distintas, o trio bate na tecla da defesa de uma nova política, livre das práticas de loteamento de cargos e troca de favores, enraizadas nos Três Poderes. Pelo menos no discurso, prometem eventuais governos sem o “tomá lá dá cá”, nos quais alianças serão seladas por programas de governo e ideais.
Neste sentido, por coerência, estes políticos de primeira viagem não planejam correr pelo Palácio do Buriti em grandes coligações, compostas por personagens divergentes, seladas pela política tradicional para ampliar o tempo de televisão no embate eleitoral. Querem composições com foco programático e ficha limpa.
Por outro lado, apostam nas redes sociais para alcançar a população. Paralelamente, também não descartarão as campanhas de rua e reuniões com lideranças comunitárias e de segmentos sociais. Além disso, a alta rejeição e indignação popular com a política, brasiliense e nacional, pode catapultar as candidaturas dos novatos, caso consigam convergir a indignação popular nas urnas.
Neste cenário, os novatos vivem uma versão moderna do conto de “Davi contra Golias”. Lutam contra um sistema monumental, mas podem nocauteá-lo com tiro certeiro.
“Não quero fazer um governo militar”, general Paulo Chagas (PRP). Politicamente alinhado com Jair Bolsonaro (PSL), pré-candidato à Presidência da Republica, o general Paulo Chagas (PRP) defende a renovação política pelas urnas, longe de uma intervenção militar. Seus primeiros passos na política foram de contraponto e crítico ferrenho dos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT). Chagas estabeleceu dois critérios para as alianças de campanha: nenhuma composição com a esquerda ou com partidos com tornozeleiras eletrônicas. “Não assumo compromissos de toma- lá-dá-cá. A Câmara Legislativa existe para legislar e fiscalizar, não para negociar cargos. Dediquei minha vida toda à Pátria. A troco de quê vou negociar agora?”, comenta Chagas. Segundo o general, o sistema político é totalmente hostil à renovação, contudo grandes partidos e grupo políticos não têm controle da opinião pública. Valorização dos servidores públicos, especialmente daqueles com “espírito de corpo”, redução de cargos comissionados e da burocracia estão no mapa de batalha do general. Os eixos de campanha de Chagas serão recuperação da imagem do DF, especialmente na conservação do patrimônio público, mobilidade urbana, saúde, educação e segurança.
“Pessoas em primeiro lugar, não há outra forma”, Maria de Fátima (PSol) Nenhum direito a menos para os servidores públicos é um mantra para Maria de Fátima (PSol). Segundo a pré-candidata, os trabalhadores do GDF terão na conta o reajuste salarial, não concedido pelo atual governo. A professora da Universidade de Brasília (UnB) também pretende rever a recente reforma da previdência no DF, julgando a movimentação de recursos desastrosa e ofensiva ao futuro das aposentadorias O combate à insegurança pública será prioridade, bem como a melhora dos serviços públicos. Nestes tempos de queda de viaduto no coração de Brasília, o cuidado com o patrimônio é um tema crítico. “Precisamos cuidar das pessoas, do nascimento ao envelhecimento”, completa. Emprego também está no radar com o reforço de potenciais econômicos, agricultura familiar e cooperativismo, com a regulação e mediação do Estado. A pré-candidata promete transparência plena, indo do orçamento até a entrega de obras e projetos. “No meu governo, não haverá mesa para a partilha de cargos com amigos e correligionários. A relação com a Câmara será respeitosa. A régua não pode ser na lama”, argumenta. Prometendo combater a velha política, especialmente de centro-direita, Fátima garante o resgate da ética.
“Estado focado nas necessidades básicas”, Alexandre Guerra (Novo) Apostando no potencial da renovação política, Alexandre Guerra (Novo) quer caminhar até o Buriti por uma trilha diferente da política tradicional. A agremiação não usará o fundo partidário na campanha. “Os acordões das coligações para tempo de televisão geram um cenário desproporcional, que beneficia os interesses das velhas lideranças, da velha política. Mas a TV perdeu relevância. Acreditamos que as pessoas estão conectadas. E o Novo é o sétimo maior partido nas redes socais no mundo”, pondera. Mesmo assim, o pré-candidato não projeta um eventual governo isolado. Promete acordos assinados para a execução de um plano de gestão do DF, avessos a interesses individuais e partidários. Dentro deste contexto, o aumento da eficiência e a meritocracia no serviço público são princípios de Guerra e do Novo. O plano de governo ainda está em fase de gestação, mas o empresário, da cadeia Giraffas, planeja um Estado focado nas necessidades básicas do cidadão. “Hoje ele faz diversas atividades e perde o foco”, completa. Além de elaborar propostas para saúde, educação e segurança, ele também elabora projetos para solucionar o drama do desemprego.
Fonte: Jornal de Brasília