Dono de 14 medalhas paralímpicas, o nadador André Brasil não desistiu do processo que move contra o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês), após ser considerável inelegível para competir entre os atletas com deficiência nas provas em que é especialista.
Apesar de apoiado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), ele perdeu a ação movida na Corte Regional de Colônia, na Alemanha, mas vai recorrer. Para isso, iniciou uma vaquinha on-line para arrecadar 32 mil euros, cerca de R$ 200 mil, necessários para dar sequência ao processo.
“O valor é muito maior do que nós esperávamos. Todo mundo poderia perguntar: mas o CPB não está apoiando? Está sim. Mas não está investindo dinheiro? Não e eu explico o porquê. Prefiro dizer que R$ 200 mil poderiam ser melhor empregados no futuro do esporte do que com um atleta que quer mais o alto rendimento”, argumentou André.
A natação paralímpica tem 14 classes, sendo dez delas voltadas a pessoas com deficiências físico-motoras. Em 2019, o IPC modificou os critérios da classificação funcional, processo que define a categoria do atleta. André, que teve poliomielite aos dois meses de vida e sequelas na perna esquerda, era da classe S10, a de menor grau de comprometimento.
Naquele ano, ele passou por uma reclassificação, antes de um evento em São Paulo, que não o considerou apto para competir nas provas de nado livre, costas e borboleta, liberando-o somente para nadar peito, que não é sua especialidade. Como não há uma classe físico-motora acima da S10, o brasileiro ficou inelegível. André entende que a classificação não envolve tecnologia – o que o Comitê Internacional discorda.
“Todo mundo sabe que a classificação é um ponto ainda diverso, com muitas lacunas no esporte adaptado. Faz-se necessário um aprimoramento, isso não é mentir pra ninguém. Eu deixei de advogar em sentido próprio e passei a um contexto maior. Não é para o André voltar, para eu ter a possibilidade de outros Jogos, porque isso passou e já estou vivendo outro momento”, afirmou.
Apesar de há quase dois anos sem competir, André não se aposentou das piscinas. Ele deseja uma despedida ao menos próxima da que sonhou. Mas a transição de carreira já é uma realidade.
“Eu comecei a cursar marketing, acabei o primeiro período, EAD [educação à distância]. Hoje, eu estou feliz, como talvez eu nunca estivesse, porque consigo ver a minha vida, apesar de estar uma loucura… Se estou treinando? [Somente] Atividade física. Hoje, minha vida tem outro formato e é muito legal entender que aos 37 anos eu tenho a plenitude de poder e abrir escolher outras portas”, concluiu.
O link para a vaquinha online do atleta está disponível nas redes sociais do atleta, no Twitter e Instagram.