A China não está preocupada com um “efeito dominó” de boicotes diplomáticos à Olimpíada de Inverno de 2022 (Pequim), disse o país nesta quinta-feira (9) após Austrália, Reino Unido e Canadá se unirem aos Estados Unidos ao decidirem não enviar autoridades aos Jogos.
Os EUA foram os primeiros a anunciarem um boicote, dizendo na segunda-feira que autoridades de seu governo não comparecerão ao evento entre 4 e 20 de fevereiro por causa das “atrocidades” de direitos humanos em Xinjiang, uma região do oeste chinês.
“Não vejo nenhuma necessidade de ficar preocupado com um efeito dominó”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, em coletiva de imprensa diária quando indagado sobre a possibilidade de mais boicotes.
“Pelo contrário, a maioria dos países do mundo expressa apoio à Olimpíada de Inverno de Pequim”, afirmou.
Os boicotes diplomáticos dos EUA e seus aliados chegam em um momento de deterioração acentuada nas relações entre EUA e China, iniciada no governo do ex-presidente Donald Trump.
O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, continua pressionando a China em várias questões, como os direitos humanos e as reivindicações marítimas chinesas ao Mar do Sul da China.
Wang ressaltou que, no dia 2 de novembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou uma resolução copatrocinada por mais de 170 de seus 193 países-membros por uma “Trégua Olímpica”, pedindo aos países que se coloquem acima da política e se unam no esporte durante os Jogos de Pequim.
Um “número considerável” de líderes estrangeiros e membros de famílias reais se registraram para comparecer, disse ele.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, é o único líder de um país grande que aceitou publicamente um convite.
Wang disse que a China não pretende mesmo convidar autoridades do Reino Unido e do Canadá para os Jogos e que sua ausência não teria nenhum impacto no sucesso do evento.
O porta-voz também disse que os EUA e seus aliados “pagarão o preço de seus atos equivocados” e que “usaram a plataforma da Olimpíada para uma manipulação política”.
Na terça-feira, a China disse que “adotará contramedidas resolutamente” contra os EUA por causa de seu boicote, mas não especificou quais seriam.
No dia seguinte, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, afirmou que a decisão resultou das dificuldades de seu país para restaurar canais diplomáticos com a China para debater supostos abusos de direitos humanos em Xinjiang e das medidas chinesas contra importações australianas.
A China nega qualquer irregularidade em Xinjiang e diz que as alegações são fabricadas.