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No início desse mês falamos, nesse mesmo espaço, da necessidade que havia do adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, em razão do avanço da pandemia do novo coronavírus. Se na China os números baixavam, em muitos outros países eles não pararam de subir desde então. No entanto, o Comitê Olímpico Internacional fazia questão de não aceitar o adiamento e de manter o dia 24 de julho para o início das competições.

A pressão só fazia aumentar. E o Comitê Olímpico do Canadá foi o primeiro a oficializar a desistência da participação. Até que o primeiro ministro do Japão, Shinzo Abe, se manifestou pedindo o adiamento – afinal, não faltam motivos para isso. E só então o COI, quase de maneira imediata, aceitou adiar. Como se estivesse esperando essa manifestação.

Fica a impressão de que o Comitê Olímpico Internacional não quis assumir essa decisão. Por que demorou tanto a responder de forma positiva a tantos pedidos e manifestações pelo adiamento?

Quando o Barão Pierre de Coubertin, em 1908, criou o lema dos Jogos Olímpicos da Era Moderna – o importante é competir -, jamais imaginou que essa importância se transformasse numa necessidade de faturamento. Competir passou a ser importante por conta de todo o envolvimento econômico que uma edição dos Jogos Olímpicos promove. Investimentos em estrutura, patrocinadores, venda de direitos televisivos. Estima-se que para Tóquio, o montante investido chegaria a 12,5 bilhões de dólares.

Mas a partir de hoje, os Jogos de 2020 oficialmente serão em 2021. Afinal de contas, ainda mais importante do que competir – e faturar – é promover a saúde e valorizar a vida.

 

Por Serdio du Bocage – Apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil.

Edição: Verônica Dalcanal