O governo da Rússia está se tornando cada vez mais agressivo em relação ao Comitê Olímpico Internacional à medida que os Jogos de Paris se aproximam, disse o presidente do COI, Thomas Bach, nesta terça-feira (19).
O ministro dos Esportes da Rússia, Oleg Matytsin, disse na semana passada que a Rússia não deve boicotar os Jogos, de 26 de julho a 11 de agosto, apesar das restrições impostas a seus atletas pelo COI devido à invasão da Ucrânia por Moscou.
O COI permitirá que os atletas russos e bielorrussos que se qualificarem participem como neutros, sem as bandeiras, os emblemas ou os hinos nacionais de seus países.
“No que diz respeito à participação deles, ouvimos o sinal bastante educado [do ministro dos Esportes russo]… mas, por outro lado, também vimos os comentários muito agressivos do governo”, disse Bach ao jornal francês Le Monde.
Ele acrescentou que a participação deles nas cerimônias de abertura e encerramento seria discutida na terça e quarta-feira no comitê executivo do COI.
“O COI não comenta, mas podemos ver que a agressividade do governo está crescendo a cada dia, contra o COI, contra os Jogos, contra mim”, disse ele. “Eles variam de ‘fascista’ a ‘destruidor dos Jogos e do movimento olímpico’. E tudo isso vem de autoridades russas. Não sei se está vindo do próprio Vladimir Putin, não olho o Telegram todos os dias, não sou tão masoquista, mas os ataques estão vindo de todos os níveis.”
Bach também descartou a ideia de atletas israelenses participarem como neutros em Paris, em meio às crescentes críticas à campanha militar de Israel contra o Hamas em Gaza.
“As coisas são muito claras. Ao contrário do Comitê Olímpico Russo, o Comitê Olímpico Israelense não violou a Carta Olímpica”, disse o alemão. “O Comitê Olímpico Russo quer exercer sua autoridade sobre as regiões anexadas pelo governo russo. Isso é uma violação da integridade territorial e do Comitê Olímpico Nacional da Ucrânia”. “No mundo olímpico, temos há 30 anos o que o mundo político chama de solução de dois Estados: temos um Comitê Olímpico Nacional Israelense e um Comitê Olímpico Nacional Palestino. Esses dois comitês olímpicos nacionais coexistem pacificamente há 30 anos”, acrescentou.
Bach garantiu que haverá atletas palestinos em Paris.
“Se não houver atletas palestinos suficientes qualificados, nós os convidaremos. Poderemos contar com o nosso programa de solidariedade olímpica, que estipula a necessidade de pelo menos seis atletas por Comitê Olímpico Nacional”, afirmou ele.
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