Nove atletas e o técnico Antônio Luiz Duarte,da equipe de natação do município de Indaiatuba, interior paulista, tentam retornar de Quito (Equador) para São Paulo desde o último dia 21. Eles estão estão impossibilitados de deixar a capital equatoriana devidode às medidas restritivas tomadas pelo governo local depois do agravamento da disseminação do novo coronavírus (covid-19). “A gente custeou a nossa hospedagem por aqui até o dia 21. Metade veio da Secretaria municipal e metade dos próprios atletas. Tentamos, inclusive, antecipar a volta marcada para o dia 21, mas ficou muito caro. Tínhamos três opções, só que todas fora das nossas possibilidades”, explia Cecília Araújo, nadadora da classe S8.
Auxílio
Raquel Viel, nadadora da classe S12 (para deficientes visuais), depois do problema constatado, a equipe recebeu auxílio do consulado brasileiro em Cuenca. Já a Embaixada Brasileira em Quito, por meio de nota oficial em seu site, afirmou: ” Embaixada do Brasil em Quito trabalha ininterruptamente para atender os turistas brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil que têm dificuldades de retornar para casa, em decorrência das medidas adotadas pelo governo equatoriano, e de outros países, para conter a propagação do novo coronavírus. Até o momento, estamos atendendo 125 pessoas, localizadas em diversas cidades do Equador (…) A Embaixada está em comunicação com os brasileiros e com parceiros locais para reunir nossos nacionais em Quito, de modo que, se e quando se confirmar o voo, todos estejam prontos para embarcar desta capital para o Brasil (…) Outro grupo que tem recebido especial atenção da Embaixada inclui nove paratletas, que estavam em Cuenca e se deslocaram para Quito, com apoio imprescindível do Cônsul Honorário do Brasil naquela cidade. A Embaixada está em contato permanente com diferentes companhias aéreas para certificar-se da viabilidade operacional de um voo para levar de volta ao Brasil os brasileiros que aqui se encontram e que não dispõem de voos regulares para seu regresso ao território nacional. As alternativas apresentadas pelas companhias aéreas foram encaminhadas a Brasília, onde um Gabinete de Crise, composto pelo Ministério das Relações Exteriores, Ministério do Turismo, Embratur e Ministério da Defesa, avalia diferentes possibilidades de viabilização do mencionado voo”.
A partir de desta segunda-feira (23), o grupo recebe o auxílio do Comitê Olímpico Brasileiro (CPB). Questionado pela Agência Brasil, o órgão respondeu da seguinte forma: “O Comitê Paralimpico Brasileiro foi contactado pelo treinador da instituição e tentou, quando solicitado, auxiliar no retorno da equipe ao Brasil, não sendo possível neste momento devido à indisponibilidade de voos. O Comitê arcará com a hospedagem do grupo até que embarquem de volta ao Brasil, e torce para que tudo se resolva da forma mais segura e rápida a todos”.
Treinos
O grupo de nadadores está no país vizinho desde o dia 3 para treinar na altitude buscando resistência para aproveitar o Open de Natação Paralímpica, que ocorreria em São Paulo entre 26 e 28 de março. A competição era uma excelente chance para fazer o índice dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, mas foi cancelada pelo CPB, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde (MS). ” Ainda teríamos a primeira etapa do Circuito Nacional. Mas não sabemos como vai ficar a nossa situação. A possibilidade de adiar os Jogos de Tóquio me parece a melhor. A preparação de todo pessoal já foi afetada ” comenta Cecília Araújo, campeã mundial e parapan-americana, que busca confirmar as marcas para disputar as provas de 50m, 100m e 400m livres.
Os treinos estavam acontecendo em Cuenca. Distante aproximadamente 500 quilômetros de Quito, a cidade vive em quarentena desde o início da semana. “Desde segunda-feira, fechou tudo por lá. Conseguimos treinar com uma autorização que a van recebeu para nos levar do hotel até a academia. E só isso. As pessoas eram multadas se estivessem na rua sem motivo” relata Raquel Viel, que busca o índice para a terceira edição dos Jogos na prova dos 100m costas.
O deslocamento até a capital equatoriana – aproximadamente 10 horas – foi feito via terrestre com a preocupação constante das autoridades locais. ” Fomos parados duas vezes. Uma para controle de temperatura, e a outra para ver se tínhamos autorização pra circular pelas cidades e também para dedetizar a van”, conta Cecília Araújo.
Edição: Cláudia Soares Rodrigues