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A contaminação do pivô Maique, do Paulistano, pelo novo coronavírus foi o primeiro caso de covid-19 em um atleta de alto rendimento no Brasil. No exterior, porém, esportistas de diferentes modalidades testaram positivo para a doença, com destaque à NBA. Entre os 14 casos confirmados na liga norte-americana de basquete estão jogadores como o pivô Rudy Golbert, do Utah Jazz (o primeiro a ter o vírus revelado, provocando a paralisação imediata do torneio e dos treinos), o astro Kevin Durant, ala-pivô do Brooklyn Nets e o também ala-pivô Christian Wood, do Detroit Pistons.

A confirmação do covid-19 em Wood levou o elenco do Philadelphia 76ers, último adversário do Pistons, a também ser submetido a testes que identificaram três casos da doença no time. O exame realizado no brasileiro Raulzinho, armador do Sixers (como é conhecido o time de Philadelphia) deu negativo. O mineiro, porém, segue de quarentena.

“No começo foi um pouco difícil acostumar a ficar em casa o dia todo, criar uma rotina. Agora, consegui estipular um horário para acordar, fazer exercícios em casa, meditar, ler, falar com a família, coisas que, durante a temporada, não temos muito tempo para fazer”, diz o jogador que chegou ao Sixers no ano passado, após quatro temporadas no Utah Jazz.

No outro extremo dos Estados Unidos, o pivô Cristiano Felício também se adéqua à rotina caseira. Ainda mais após a revelação de que jogadores do Brooklyn Nets (adversário de seu Chicago Bulls há duas semanas) foram diagnosticados com coronavírus. “Ainda não fui testado porque aqui estão fazendo exames primeiro no pessoal que apresenta algum tipo de sintoma. Como não estou, tenho ficado em casa e sem muito contato com pessoas. Agora (com a descoberta de casos no Nets) estamos esperando para ver o que acontecerá”, explica.

Mais de mil quilômetros separam Chicago e Philadelphia. A realidade nas cidades, porém, é rigorosamente a mesma. No país norte-americano são mais de 10 mil casos confirmados (embora em quase 9,9 mil ainda não se saiba a origem da contaminação), com 150 mortes registradas, informa o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

“Em Chicago, está bem parado, fechado. Bares, restaurantes, cinemas, tudo para prevenir que o vírus espalhe”, diz Felício. “Nos supermercados [de Philadelphia] está acabando quase tudo, eventos que reuniriam muita gente sendo cancelados”, completa Raulzinho.

Longe das famílias, a dupla brasileira pede consciência às pessoas. “São orientações bem simples. Ficar em casa e se higienizar o máximo possível, lavar as mãos, evitar colocá-las no rosto”, diz o pivô do Bulls. “Temos tido acesso a médicos e especialistas aqui, coisas que, infelizmente, muitos não podem ter. E a coisa é séria. É ficar em casa, não ter contato com muita gente, evitar lugares fechados. Fazendo isso, vamos proteger a todos. Os atletas, claro, querem jogar, treinar, mas temos que ser conscientes. Não é fácil, mas espero que todos tomem as providências para que possamos voltar ao dia a dia normal”, emenda o ala-pivô do Sixers.

Voltando da Austrália

Para o ala-armador Didi, porém, a quarentena só começou agora. Vice-campeão da última edição do Novo Basquete Brasil (NBB) pelo Sesi Franca, ele foi liberado pelo Sydney Kings (Austrália) após a final da NBL (liga australiana da modalidade) ser suspensa por causa da pandemia do novo coronavírus (disputada em uma melhor de cinco jogos, a decisão contra o Perth Wildcats foi paralisada após a terceira partida, com o Wildcats liderando a série por 2 a 1.

“Fui liberado para voltar ao Brasil. Foi uma maneira de evitar que os jogadores de fora ficassem presos no país [Austrália], longe das famílias. Serão duas semanas [de quarentena], mas o mais importante é que estarei com a família e sob cuidados”, conta o capixaba de 21 anos, que está na primeira temporada no basquete australiano.

A mudança na rotina foi recente, mudando somente a partir do segundo jogo da final, realizado com portões fechados. A Austrália registrou, até agora, 785 casos da covid-19, com cinco mortes em Sydney, justamente onde Didi vive.

“Nem estou pensando muito no futuro. Estou preocupado, no momento, com a família, que eles estejam com a saúde 100%”. A mensagem que deixo é que os fãs sigam as orientações dos médicos. É uma pandemia muito séria. Dobrem a higienização. Passem álcool em gel e lavem a mão toda hora. E evitem sair de casa. Vamos passar por essa”, encerra.

Edição: Fábio Lisboa