Gennady esteve recentemente em Anaheim ( Estados Unidos), para a disputa da última etapa do Grand Prix de Esgrima antes do fechamento da janela de classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Entretanto, devido à pandemia do novo coronavírus, o evento acabou sendo cancelado.
Quem lamentou a morte do técnico foi o esgrimista Henrique Marques. Ele disputou os Jogos Olímpicos do Rio nas modalidades Florete Individual e Florete por Equipes. Henrique foi medalhista de prata por equipes nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Ele fala sobre a importância de Gennady para a esgrima brasileira.
“O Gennady já está no Brasil há quase 20 anos e passou a vida inteira trabalhando com esgrima. Ele fez vários atletas que tiveram êxito tanto nacionalmente quanto internacionalmente, eu sou apenas um dos atletas que faz parte deste grupo. A esgrima brasileira o reconhece muito pela importância que ele teve na formação de atletas. O Gennady foi um técnico que para se formar atletas sempre foi considerado um dos melhores. Acho que isso que fez tanta diferença. Em um país que a esgrima quase não tem apoio se você for comparar com esportes maiores, como natação, vôlei, futebol nem se fala, das poucas pessoas que praticavam, que conheciam a esgrima, acho que ele conseguiu espremer o máximo que cada um podia dar. Ele conseguiu adaptar as diferenças culturais que existiam entre Rússia e Brasil para conseguir impor um trabalho dentro do Pinheiros que fizesse as pessoas gostarem de esgrima e quererem continuar não só por qualquer êxito, mas pelo gosto ao esporte. Além de ser um ótimo profissional, ele conseguiu fazer as pessoas se apaixonarem pelo esporte. Ele foi meu único técnico de verdade, que eu tinha aula, seguia os ensinamentos. Toda a minha formação esgrimística eu devo a ele. Ele que me costruiu como atleta, me ajudou muito na formação como pessoa. Minhas medalhas, meus resultados, minha classificação olímpica muito é graças a ele”.
Além de ressaltar a facilidade em ensinar esgrima, Henrique Marques fala de como o técnico se mantinha atualizado, mesmo aos 79 anos.
“Apesar da idade, ele tava sempre muito ligado na esgrima moderna. Ele nunca deixou a esgrima dele ficar ultrapassada. Ele sempre inovava, sempre prestava muita atenção no que estava acontecendo para nunca ficar pra trás. Isso é algo muito difícil de mais idade, porque eles se apegam em uma esgrima que funcionava há anos atrás, mantendo suas aulas, seus ensinamentos independente de que momento ele está vivendo”.
Gennady Miakotnykh também treinava a esgrimista Bia Bulcão. A paulistana de 26 anos conquistou o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima (2019) no Florete Individual. Foi a primeira medalha individual da história da esgrima feminina brasileira em um pan-americano. Bia lamentou a morte do treinador.
“Estou profundamente trite e chocada com a notícia. O Gennady foi mais que um treinador, era quase um membro da família. Estava junto comigo em quase todos os momentos de minha carreira profissional e devo a ele todo o meu crescimento como atleta e como pessoa”
A Confederação Brasileira de Esgrima (CBE) também se manifestou em uma nota de pesar nas redes sociais e em seu site oficial.
Edição: Cláudia Soares Rodrigues