“Bem-vindo à casa dos campeões”. A mensagem no portal na entrada da cidade queniana de Iten pode soar prepotente, mas é sincera quando se pensa em provas de longa distância. Nas últimas dez edições das seis principais maratonas do planeta, um atleta do Quênia esteve no topo do pódio, em média, de seis a sete vezes em cada uma delas. Qual o segredo? O corredor brasileiro Daniel Ferreira do Nascimento é quem pode desvendar.
Daniel está em Iten desde o último dia 6 e lá permanecerá até o embarque para a Olimpíada de Tóquio. Em maio, o paulista de apenas 22 anos já havia passado duas semanas no Quênia, com o técnico Neto Gonçalves, preparando-se para a primeira maratona da carreira, em Lima, no Peru. No dia 23 daquele mês, ele não só venceu a prova como atingiu o índice olímpico, com a melhor marca entre os brasileiros que vão competir na capital japonesa. Nada mal para quem sonhava com a estreia olímpica somente em 2024, em Paris.
Acostumado a treinar sozinho em Bauru, no interior paulista, Daniel tem compartilhado o dia a dia com atletas que só costumava ver no vídeo.
A empolgação contrasta com a sensação que Daniel viveu após a Corrida Internacional de São Silvestre de 2018, quando deixou a prova com dores no tendão de Aquiles. Ele chegou a desistir do esporte e foi trabalhar na roça, com a família. Mas retornou a tempo de ser o brasileiro mais bem colocado da São Silvestre seguinte, em 11º lugar.
Além dele, Daniel Chaves e Paulo Roberto de Almeida Paula também representarão o Brasil na maratona em Tóquio. A prova será realizada em 8 de agosto, último dia dos Jogos.