O Juizado do Torcedor e dos Grandes Eventos do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro decretou, ainda durante a madrugada, a prisão preventiva de uma torcedora argentina acusada de injúria racial.
No meio da confusão generalizada no início da partida entre Brasil e Argentina, no estádio do Maracanã, ontem a noite, a mulher teria proferido ofensas racistas contra um funcionário da segurança do estádio.
Outros 17 torcedores foram encaminhados ao posto do Juizado dentro do Maracanã por delitos diversos, incluindo provocar tumulto, desacato, resistência e furto. Mas apenas um deles sofreu uma punição mais severa, o impedimento de ir a estádios e a obrigação de comparecer em juízo.
Os outros fizeram um acordo de transação penal, que permite que sejam liberados após o cumprimento de alguma medida como o pagamento de uma multa.
Mas o Tribunal de Justiça avaliou que poucas pessoas foram apresentadas ao juizado, considerando o tamanho do tumulto registrado ontem. E por isso, a magistrada responsável pelo caso expediu ofício ao secretário de Polícia Militar e à Confederação Brasileira de Futebol.
A confusão começou antes da partida, quando o hino dos dois países estava sendo executado. Torcedores brasileiros e argentinos, que estavam atrás do gol, no setor sul,começaram a discutir e brigar e os seguranças tentaram conter o tumulto, sem sucesso.
Até mesmo cadeiras do estádio foram arrancadas e arremessadas. Então, agentes do Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios entraram em cena, repreendendo com cassetetes os torcedores argentinos. Muitos ficaram feridos.
A seleção argentina saiu do gramado e foi até a torcida para tentar interceder pelos torcedores e com tudo isso, o jogo só começou com quase 30 minutos de atraso.
A partida foi realizada pelas eliminatórias da copa do mundo, e tinha torcida mista, ou seja, sem delimitação de áreas específicas para os brasileiros e os argentinos, apesar da reconhecida rivalidade entre as duas seleções.
A Confederação Brasileira de Futebol, que organizou a partida, declarou em nota que os planos de ação e segurança foram aprovados sem qualquer ressalva ou recomendação pelas autoridades de segurança pública. E disse ainda que este é o padrão em competições organizadas pela FIFA e CONMEBOL, como as Eliminatórias da Copa do Mundo, e que outros jogos entre Brasil e Argentina, já foram disputados com torcida mista.
Já a Polícia Militar, declarou que o batalhão cumpriu rigorosamente sua missão, conforme legislação vigente. Disse que a segurança das arquibancadas estava a cargo de uma empresa contratada e que foi da CBF a decisão de liberar a venda de ingressos sem cotas para as duas torcidas e de não delimitar espaços para cada uma delas. De acordo com a nota, a PM foi informada dessas decisões apenas quando os ingressos já tinham sido vendidos.